sexta-feira, 31 de julho de 2015

O Livro dos Espíritos:Livro III:Cap II Lei de Adoração:VI – Sacrifícios

      669. A prática dos sacrifícios humanos remonta à mais alta Antiguidade.  Como foi o homem levado a crer que semelhantes coisas pudessem agradar a Deus?

      — Primeiro, porque não compreendia Deus como sendo a fonte da bondade. Entre os povos primitivos, a matéria sobrepõe-se ao Espírito; eles  se entregam aos instintos animais e por isso são geralmente cruéis, pois o senso moral ainda não se encontra desenvolvido. Depois, os homens primitivos deviam crer naturalmente que uma criatura animada teria muito mais valor aos olhos de Deus que um corpo material. Foi isso que os levou a imolar primeiramente animais e mais tarde criaturas humanas, pois, segundo sua falsa crença, pensavam que o valor do sacrifício estava em relação com a importância da vítima. Na vida material, como geralmente a levais, se ofereceis um presente a alguém, escolheis sempre o de um valor tanto maior, quanto mais amizade e consideração quereis testemunhar à pessoa. O mesmo deviam fazer os homens ignorantes, com relação a Deus.

                a) Assim, os sacrifícios de animais teriam precedido os humanos?

      — Não há duvida quanto a isso.

                b) Segundo essa explicação, os sacrifícios humanos não se originaram de um sentimento de crueldade?

      — Não, mas de uma falsa concepção do que seria agradável a Deus. Vede Abraão. Com o tempo, os homens passaram a cometer abusos, imolando os inimigos, até mesmo os inimigos pessoais. De resto, Deus jamais exigiu sacrifícios, nem de animais, nem de homens. Ele não pode ser honrado com a destruição inútil de sua própria criatura.

      670. Poderiam os sacrifícios humanos, realizados com intenções piedosas, ter algumas vezes agradado a Deus?

      — Não, jamais; mas Deus julga a intenção. Os homens, sendo ignorantes, podiam crer que faziam um ato louvável ao imolar um de seus semelhantes. Nesse caso, Deus atentaria para o pensamento e não para o fato. Os homens, ao se melhorarem, deviam reconhecer o erro e reprovar esses sacrifícios, que não mais seriam admissíveis para espíritos esclarecidos; eu digo esclarecidos porque os Espíritos estavam então envolvidos pelo véu material. Mas pelo livre-arbítrio poderiam ter uma percepção de sua origem e sua finalidade. Muitos já compreendiam por intuição o mal que faziam, e só o praticavam para satisfazer suas paixões.

       671. Que devemos pensar das chamadas guerras santas? O sentimento que leva os povos fanáticos a exterminar o mais possível os que não partilham de suas crenças, com o fim de agradar a Deus, não teria a mesma origem dos que antigamente provocavam os sacrifícios humanos?

       — Esses povos são impulsionados pelos maus Espíritos. Fazendo a   guerra aos seus semelhantes, vão contra Deus, que manda o homem amarão próximo como a si mesmo. Todas as religiões, ou antes, todos os povos adoram um mesmo Deus, quer sob este ou aquele nome. Como promover uma guerra de exterminação, porque a religião de um outro é diferente ou não atingiu ainda o progresso religioso dos povos esclarecidos? Os povos são escusáveis por não crerem na palavra daquele que estava animado pelo Espírito de Deus e fora enviado por ele, sobretudo quando não o viram e não testemunharam os seus atos; e como quereis que eles creiam nessa palavra de paz quando os procurais de espada em punho? Eles devem esclarecer-se e devemos procurar fazê-los conhecer a sua doutrina pela persuasão e a doçura, e não pela força e o sangue. A maioria de vós não acreditais nas nossas    comunicações com certos mortais; por que quereis então que os estranho acreditem nas vossas palavras, quando os vossos atos desmentem a doutrina que pregais ?

     672. A oferenda dos frutos da terra teria mais mérito aos olhos de Deus que o sacrifício dos animais?

     —Já vos respondi ao dizer que Deus julgaria a intenção, e que o fato em si teria pouca importância para ele. Seria evidentemente mais agradável a Deus a oferenda de frutos da terra que a de sangue das vítimas. Como vos dissemos e repetimos sempre, a prece dita do fundo do coração é cem vezes mais agradável a Deus que todas as oferendas que lhe pudésseis fazer. Repito que a intenção é tudo e o fato, nada.
      673. Não haveria um meio de tornar essas oferendas mais agradáveis a Deus, consagrando-as ao amparo dos que não têm sequer o necessário? E, nesse caso, o sacrifício dos animais, realizado com uma finalidade útil, não seria mais meritório que o sacrifício abusivo que não servia para nada ou não aproveitava senão aos de que nada precisavam? Não haveria algo de realmente piedoso em se consagrar aos pobres as primícias dos bens da terra que Deus nos concede?

      — Deus abençoa sempre os que praticam o bem; amparar os pobres e os aflitos é o melhor meio de homenageá-lo. Já vos disse, por isso mesmo, que Deus desaprova as cerimônias que fazeis para as vossas preces, pois há muito dinheiro que poderia ser empregado mais utilmente. O homem que se prende à exterioridade e não ao coração é um espírito de vista estreita; julgai se Deus deve importar-se mais com a forma do que o fundo.

sábado, 25 de julho de 2015

A magia do tarô e o tarô sem magia

Angélica Lavenir 

 Desde que passei a escrever neste site ou outros locais, e a ter mail disponível em listas, percebi que um número muito grande de pessoas confunde e coloca no mesmo balaio todas as funções ou profissões ditas “alternativas” ou “esotéricas”. Acham que as pessoas que se dedicam a essas atividades pertencem todas a um mesmo mundo, uma mesma escola de pensamento, e isso gera situações que chegam a ser esdrúxulas. Ninguém exige que o técnico do computador saiba qual a cadeira ou os óculos mais indicados para quem vai trabalhar horas em frente ao computador, mas já recebi muitas perguntas de gente que acha que eu vou fazer um estudo numerológico do seu nome, ou que sei como fazer e desfazer “trabalhos” de magia, simplesmente porque sou taróloga.
  Começo informando, então, que tarô não pressupõe magia. Por outro lado, também não pressupõe estudo ou metodologia definidos. Não existe nem irmandade nem conselho profissional nem faculdade de tarologia, taromancia ou cartomancia. Nesse mundo tão informal há, sim, tarólogos sérios, cultos e responsáveis, mas há também uma quantidade enorme de pessoas despreparadas e pouco informadas; algumas das quais, não duvido, fazem atendimento e dão cursos. E o pior é que uma pessoa despreparada muitas vezes será das mais assertivas e autoconfiantes, apresentando-se como Dr. Sabetudo – seja por má fé ou, mais frequentemente, por mera falta de conhecimento.
  Cito uma imagem da qual gosto muito, para tentar explicar o que disse: o conhecimento de uma pessoa é como um grão ou uma bolinha mergulhada no oceano de todo o conhecimento possível. À medida que a pessoa aborve mais conhecimento, essa bolinha vai crescendo – e, evidentemente, aumenta a superfície de contato dela com o que lhe é desconhecido. Assim, quanto mais sabe, mais percepção a pessoa tem da extensão do seu desconhecimento, ou de quanto existe por aprender. Por isso se diz que os verdadeiramente sábios são humildes. E inversamente, quanto menos sabe, menos noção a pessoa tem de sua ignorância – ou da ignorância de outrem.

O que torna a situação especialmente confusa para todos é que o maluco mundo atual da informação fácil junta indiscriminadamente sistemas simbólicos, mancias, religiões, práticas de cura etc., misturando-as entre si e vinculando-as ora a fantasia e modismo, ora a elementos míticos, mitológicos ou religiosos, ora a charlatanismo. Isso ocorre em várias frentes: em matérias da imprensa, em livros e filmes, em cursos e convenções de toda ordem, em centenas de sites, blogs e comunidades de redes sociais. Se para quem já estuda um desses assuntos há tempos é às vezes difícil separar o joio do trigo, imagine-se para alguém de fora. Como o interesse por essas áreas se avolumou rapidamente e tudo vem emergindo meio junto
e misturado na última década, as pessoas acabam achando que tudo faz parte do mesmo movimento e “eles que são esotéricos se entendem”. Isto é, que numerólogos, xamãs, quiromantes, tarólogos, terapeutas holísticos etc. são todos membros do mesmo tipo de clube, versados basicamente nas mesmas coisas e, principalmente, têm um conhecimento que elas mesmas não têm.
Considerando tudo isso, dou duas dicas para ajudar você, consulente de tarô:
Primeira A maioria dos tarólogos desenvolve também algum outro tipo de estudo e atendimento: astrologia, numerologia e algum tipo de terapia são os mais comuns (para não falar em ramos de feitiçaria, que também parecem ser bem frequentes). Isso acontece, creio eu, porque o tarô é um sistema multifacetado e seu estudo leva naturalmente a outros interesses. Mas isso não significa que o tarô esteja ligado necessariamente a qualquer desses outros sistemas, nem significa que todo tarólogo vai lhe ensinar simpatias ou receitar florais.
Segunda Assim como existem professores de teatro, astrólogos e até médicos que adotam “escolas” e abordagens muito diferentes umas das outras, os tarólogos também não pensam nem agem de forma igual! Não existe um padrão. Por isso, se você sabe o que quer de uma consulta, pergunte ao tarólogo se a sua expectativa cabe no estilo de atendimento dele.


sexta-feira, 24 de julho de 2015

A Falta de Água

Pessoal esta é uma pequena crônica que eu fiz e apresentei lá em minha fraternidade e espero que gostem, opinem e comentem.Descreve dois um diálogo Espíritos falando sobre a falta de água no Brasil.


Em um jardim do Plano Espiritual havia dois amigos que há certo tempo conversavam, até que um deles falou sobre o assunto sobre a água:
-Nossa, Antônio, vi nos noticiários aqui da Colônia, a falta de água que estão passando os encarnados; no plano físico. Sabemos que Deus com Sua Bondade não os desampara e que os Espíritos Mais Superiores da Terra estão tomando as providências necessárias, desde que os próprios encarnados ajudem.



-Sim, Carlos, -respondeu o amigo - recebi uma vez em uma missão no continente africano e em outros locais Espíritos que viveram em condições miseráveis e com falta de água, e tal situação que viveram era deplorável, infelizmente as autoridades terrenas corpóreas não tomam nenhuma medida e quando tomam não conseguem.

- Mas sabemos que aqueles Espíritos reencarnam nesses locais por uma Causa que produziu um Efeito - disse Carlos com certa serenidade com esperança de que algo de bom ocorrerá no futuro - o Mestre Jesus nos ensinou, lá no evangelho de Marcos: ”a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

- A falta de água do qual os encarnados passam é resultado do desperdício e da poluição que eles mesmos fizeram e causaram agora eles; e também nós porque quando encarnados poluíamos a natureza – frisou Antônio – passaremos pelas mesmas conseqüências quando reencarnamos, as quais eles já estão passando.

-A Lei Divina é certeira e igual, pobres e ricos, homens e mulheres todos estão sendo afetados. E a Providência Divina é bondosa com todos.

-Antônio, continuou Carlos, vou visitar meu irmão no hospital quer ir comigo até lá?

-Ah Sim! O Afrânio! Esteve um tempo vagando no plano material, mas, graças a Deus seu irmão foi resgatado.

-É! E é a primeira vez que vou visitá-lo, tive a autorização do médico pra vê-lo, além do mais ele morará comigo.

Carlos e Antônio atravessaram o Jardim e chegaram ao Centro da Praça que fica na Colônia continuaram discorrendo sobre a importância da água e pegaram um aerobús em direção em direção a um dos hospitais da Colônia São Benedito.Entraram na estação e continuaram a conversar:

-É muitas pessoas estão fazendo de tudo para economizar água, quando fui ao plano físico visitar meu neto- prosseguiu Antônio- vi que ele está tentando economizar água como pode.

-Sim é hora das pessoas se conscientizarem, é hora das companhias de abastecimento e das autoridades do plano físico tomarem medidas drásticas, assim como fizerem os países da Europa e os EUA, entraram em uma crise e já solucionaram o problema mesmo ocorrendo certos contratempos e cabe a futura Pátria do Evangelho fazer o mesmo.

Tomaram o Aerobús, e forma os dois amigos rumo ao hospital agora se concentrando em Afrânio, o irmão recém-chegado.





sábado, 18 de julho de 2015

A Regra de Ouro



Júlio Soares


Há algum tempo comprei um exemplar de O Livro de Thoth ou O Tarô de Etteila, publicado pela editora Madras aqui no Brasil. Lembro-me da surpresa ao me deparar com o preço do livro: meros dez reais. A caixa não estava em perfeitas condições, era verdade, mas de resto tudo parecia perfeitamente intacto. Ao chegar em casa, percebo que as cartas também estavam intactas. Lindas em seus desenhos de traços fortes e alegorias pitorescas.


Logo, também, encontrei a explicação de seu preço tão baixo: havia uma carta a menos. Um quatro de ouros, para ser mais específico. O pensamento daquele comprador alegre e em êxtase com seu novo exemplar, porém, não deixou que o fato o aborrecesse: jogarei apenas com os Arcanos Maiores, foi o que disse a mim mesmo. Tudo bem.

Tive, porém, dificuldade de aprender o tal Tarô de Etteila. Suas cartas são diferentes, fogem do padrão que estou acostumado. Que nomes são esses? Que figuras são essas? Minhas tentativas de criar analogias com diversos outros tarôs acabaram em falhas. Bem, nem em todos os casos, pois consegui ver na carta “O Homem e os Quadrúpedes” o arcano do “Mundo”. Também acredito que “A Prudência” possa ser “A Sacerdotisa” (apesar de que ainda estou incerto disso). Mas, ainda assim, coisas como a ordem das cartas me confundem, e, para ajudar, o livro não possui explicação simbólica das cartas: apenas seus nomes e significados.

Mas eu sou teimoso. Sempre fui. Dizem as cartas que sou regido pelo Imperador. Eu não descanso até conseguir o que quero. Todos os dias pego as cartas e as observo. Leio e releio, comparo com diversos tarôs, procuro símbolos que possam ter escapado de meus olhos, e nada. Vejo Os Pássaros e Peixes, mas não consigo pensar em uma analogia adequada. Nem mesmo em um significado! Pássaros e peixes! Símbolos tão diversos, contendo tantos significados. O Caos simboliza lealdade e diplomacia? O que há de errado com esse livro? Com esse tarô?

Então uma ideia me abateu: não há nada de errado com o tarô. Sou eu. Quatro de Ouros, Julio. Quatro de Ouros. É isso que falta para eu aprender a jogar com o mesmo. Às vezes o melhor jeito de expandir os pensamentos é limitando-os. Quatro de Ouros fala de limites, de ater-se ao que se tem. É uma carta de economias, de contenção. O próprio livro fala em pequeno presente e em movimento limitado. Ganhei a chance de aprender dentro das regras.
Errei ao não aceitar O Tarô de Etteila pelo que ele é. É o que é, e, tal como a Esfinge, devo decifrá-lo dentro de seu mundo. Poderia, afinal, Édipo, fugir de sua pergunta? Com certeza não.
artas do Thoth Tarot de Etteilla
O Tarô de Etteila me ensina, agora, que o tarô de Etteila não é nenhum outro além de si mesmo. Quatro de Ouros. Desde o começo eu o neguei: desde a origem dada pelo autor, de que o tarô surgiu no antigo egito, de que é o verdadeiro Livro de Thoth, mágico em todos os aspectos. Minha mente foi cética e negou tudo, é claro. Quem estuda tarô sabe que não é isso. Mas Deuses!, estamos falando de um tarô com tal egrégora: quatro de ouros! Atenha-se! Deixe que esse tarô seja um instrumento mágico que veio diretamente do Templo de Amon a você. Entre em seu mundo e mergulhe, para somente então a realidade ser alcançada.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Sacerdote




O Sacerdote de uma religião, seja ela qual for, é um dirigente espiritual,  zelador do templo, mestre e discípulo, podendo ter ou não um rebanho. O Sacerdote é aquele que representa a religião, o sacerdote é a religião. Religião é em essência o religar-se a Deus, através de uma doutrina e liturgia que englobam o ritual (prática) e a teologia (teoria). O Sacerdote ao assumir esta responsabilidade passa a ser o portador de um dos mistérios da fé, pois assume o compromisso de ser um veiculo desta e de vir a despertá-la onde estiver adormecida, se assim for a vontade do Ser Supremo.  





O Sacerdote não faz a sua vontade, antes pede que seja feita a vontade da deidade a que serve, pois o sacerdote não é o poder ele é a ponte e o veículo ao poder que se assenta no Altíssimo. O Sacerdote é investido, outorgado, de duas formas, horizontal ou vertical, por assim dizer, onde na investidura horizontal ele foi feito e preparado por outro sacerdote aqui no plano material, a investidura vertical se dá por uma revelação espiritual e o desabrochar natural de um dom ligado ao mistério da fé.

Esta outorga sacerdotal se dá por uma iniciação o que também nos leva a questão de mestre e discípulo, pois um mestre espiritual é aquele que além de levar o esclarecimento dá a iniciação a seus discípulos, já o discípulo é aquele que segue uma disciplina, colocada pelo mestre, logo o discípulo deve refletir o mestre, no sentido de que aplica os ensinamentos, a doutrina e a disciplina.

Um Pastor pode ter um rebanho e não ser um mestre, mas um sacerdote que prepara outros sacerdotes para a senda sacerdotal é sempre um mestre, mesmo que não o queira ser chamado assim pois em cada seguimento religioso já existem os títulos devidamente empregados.

A figura do mestre no campo religioso é como a figura de um Pai, pois iniciar alguém espiritualmente é trazê-lo à Luz, é morrer para o mundo profano e nascer no mundo sagrado. Aquele que te dá a luz é Pai e Mãe, por isso vemos alguns títulos de sacerdotes como Papa, Padre ou Baba que querem dizer Pai; Madre ou Yia que quer dizer Mãe; alguns são chamados simplesmente de Pai ou Mãe de Santo, Pai ou Mãe Espiritual; vemos também a designação Padrinho ou Madrinha Espiritual também muito utilizado.

Na Instituição Católica, um sacerdote só é preparado através de outro sacerdote, que por sua vez foi preparado por um outro sacerdote, em uma ascendência que remonta a Jesus Cristo, este é um sacerdócio horizontal.

Ninguém pode se auto intitular a um titulo como o de Bispo se outros Bispos não o prepararam dentro do protocolo, diferente do Pastor pois todo aquele que tem um rebanho é um pastor, já o mestre espiritual tem que ter outorga e direito de iniciar outros na mesma senda.
Moisés foi investido de um poder e dom de forma vertical, direto do Altíssimo, onde se consagrou profeta e mago, seu irmão Aarão é quem exercia o sacerdócio de um único templo ao Deus Único de Abraão.

Jesus também recebeu uma investidura vertical, onde foi reconhecido profeta e Rabi, mestre, identificado por seus seguidores como O Messias, O Christo, O Ungido, um enviado direto do Altíssimo acima de qualquer outro profeta ou sacerdote, O Filho de Deus.
Acredita-se que tanto Moisés quanto Jesus além da revelação tiveram preparo horizontal, passando por iniciações espirituais pois o primeiro foi criado dentro dos templos egípcios e daí para o deserto africano onde conviveu com Jetro seu sogro, Sacerdote e mago. A Bíblia não diz por onde Jesus andou, dos 13 aos 30, mas acredita-se que tenha andado pelo Egito, Índia e com os essênios onde teria também passado por iniciações.

Buda também recebeu uma investidura vertical, alcançou a iluminação, foi tocado pelo Mistério Maior e criou o que hoje chamamos de Budismo. Existe o Budismo hierárquico e sacerdotal como o Tibetano e o não sacerdotal como as práticas de Zen Budismo.

No Candomblé Afro-brasileiro o sacerdote é chamado Babalorixá (Pai no culto de Orixá) ou Babalawô (Pai do segredo) e a sacerdotisa é chamada Yalorixá (Mãe no culto de Orixá), a investidura é horizontal só se entra no candomblé através de alguém que já está lá dentro, só um sacerdote ou sacerdotisa confirmados é que podem preparar alguém para o culto.

Já o Espiritismo  tem propósitos religiosos não aceita rituais e nem hierarquias, logo não há a figura do sacerdote, nem templo e nem altar.

Na Umbanda há a investidura vertical e horizontal. O caminho natural da Umbanda é entrar para um templo da religião (Tenda, Centro ou Terreiro de Umbanda) e lá ser preparado como médium de umbanda, caso tenha este dom, com o tempo caso tenha a missão sacerdotal de dirigir um templo, zelar por ele e por seus filhos e ou representar a religião será então preparado para tal.

Também há aqueles, que mesmo sem nunca ter freqüentado nenhum terreiro, incorporam espíritos em casa de uma forma espontânea e natural, sem um preparo horizontal ou externo, começam um trabalho espiritual arrebanhando pessoas e quando se vê o médium passa a ser preparado por estes espíritos guias e mentores de forma lenta e gradual. Em muitos casos é dito que nasceram feitos, com coroa feita, vêm prontos para o trabalho espiritual, isto é um fato. Assim foi preparado Zélio Fernandino de Moraes, Fundador da Umbanda e tantos outros Umbandistas.
Mesmo que tenha sido preparado desta forma nada o impede de buscar mais informação e cultura umbandista, unindo toda uma teoria da religião á prática de incorporação que já está ativa neste momento.

Poderíamos nos estender ainda para os Rabinos no Judaísmo, Sheiks no Islamismo, Mestres do Tão, sacerdotes e Sacerdotisas Celtas, Druidas, Egípcios, Hindus, Maias, Astecas e tantos outros seguimentos.

O estudo das religiões é algo fascinante, a oportunidade de aceitar e estudar a todas é única, não deixe que ninguém lhe impeça de estudar de tudo pois com tudo temos a aprender.


Postado por Fraternidade Espírita Monsenhor Horta

sábado, 11 de julho de 2015

O vício do Alcoolismo


  Emanuel J. Santos  


    Bem, eu estava adiando esse texto, não sei porquê. Talvez esperando os textos de Palavras de Osho e do Fer. Mas enfim, chegou a hora de Vícios, parte II: O Álcool e a Cartomancia. Sugiro que ouça a música Elephant Gun – Beirut enquanto lê o texto.
    O álcool é uma droga lícita interessante. Enquanto a cada dia que passa o cigarro é mais e mais considerado um vilão sem precedentes (ao mesmo tempo em que pululam nas prateleiras cigarros saborizados – atrativo a jovens fumantes), as pesquisas recentes apontam o consumo moderado de álcool como algo saudável e, por vezes, recomendado.
   Sugiro a leitura dos seguintes textos sobre o vinho e saúde em www.miolo.com.br e veja.abril.com.br/blog/vinho, ou então jogue a tag [álcool e saúde] em qualquer site de busca. O problema é que a linha que separa o excessivo do moderado é muito tênue, e normalmente não é vista pelo maior interessado: o consumidor.
    O álcool destrói famílias. Ops, errei de propósito, e refaço a frase: o [usuário de] álcool destrói famílias. Ainda que a propensão genética para o alcoolismo seja realmente uma doença, o consumo do álcool é uma escolha. E como tal, pode ser visto como substrato para uma de nossas conversas cartomânticas.
    Mas, se o Oito de Espadas, a meu ver, representa o vício do cigarro, qual carta representaria o alcoolismo? Certamente uma carta de Copas, já que seu símbolo serve para sorver tanto a Água da Vida quanto Whisky (trocadilho infame: whisky, no original, significa Água da Vida, pois é uma água que não poderia ser contaminada – que microorganismo sobreviveria em tanto álcool?).
    Mas, entre as dez cartas numeradas, qual seria mais indicada para o diagnóstico? Pensei, logicamente, no Oito: desilusão, tristeza, melancolia, depressão... Mas esses são motivos, não causas. O Sete também poderia representar bem o alcoolismo - a escolha entre diversas possibilidades (copas).




    Mas há uma carta que, principalmente no Rider Waite, deixa clara a sensação que tinha em relação ao álcool: "mais uma dose? É claro que eu [não tenho certeza se] eu tô a fim...", já diria Cazuza vendo um Quatro de Copas.
    A Zoe de Camaris escreveu sobre o Quatro de Copas em seu blog, relacionando o Quatro com o tédio – uma possibilidade claramente representada na postura do personagem desenhado por Lady Smith. Mas, ao debruçar-se sobre a representação de Lady Harris para o Thoth Tarot, comenta a tradução de seu nome, Luxury, como luxúria, exuberância, excesso de prazeres. Vale lembrar que a tradução correta do termo inglês, Luxury é luxo, fausto. 
    A Nelise Vieira, no Tarot Door, fala sobre a Conjectura, o Quatro de Copas do Kier: "A percepção, e a construção de uma visão explicativa dos acontecimentos, ajudam a organizar a ação. E para isto nada como a meditação e o isolamento, para trazer um discernimento maior. 
    "Este arcano fala que você estava muito envolvido com situações no seu ambiente que estavam te intimidando, e criando problemas. Você conseguiu se isolar, e com isto libertar-se de emoções que estavam lhe impedindo a enxergar melhor sua vida e encontrar a solução para seus problemas. Então começa a analisar com uma certa distância. Como estão suas relações? Existem pessoas convivendo com você que estão muito conturbadas? Tente separar quais são seus quais são dos outros?"
   


   Muito semelhante ao Osho Zen Tarot: A carta “Voltando para dentro” representa uma mulher, feliz, que não se deixa abater pelo seu derredor. O vê, mas não se envolve. Reconhece-o, mas dele não participa. Vive sua vida, do seu jeito.

    Há alguns outros possíveis significados no Shvoong e, claro, no Clube do Tarô sobre Copas
    O alcoolismo, ao meu ver, relaciona-se com o tédio. O beber torna-se um escape, levemente aceitável, de situações e agruras que vêm atormentando a pessoa, seja o consulente ou quem quer que esteja sendo influenciado por sua ação. Imagine alguma situação que envolva um vexame alcoólico – todos nós temos alguma história dessas para contar. Agora leia a compilação do Constantino: “Cansaço, desgosto, aversão, vexames imaginários. Presentes são oferecidos ao perdulário, mas não lhe trazem consolo. Novidade, novas referências, novas relações.”
    Parece familiar?
    Resumindo as possibilidades que os diversos baralhos oferecem, o reconhecimento do alcoolismo ou da tendência ao mesmo pode ser trabalhado pelo reconhecimento dos seus riscos. Porque dizer “ah, mas é só um copinho, só um golinho…” não funciona. Muito menos sentir (auto) complacência ou (auto) piedade. O reconhecimento do ambiente e dos seus problemas nos traz muito mais possibilidades de enfrentar esse vício, do que sentir qualquer tipo de sentimento por ele – muitas vezes, a carência também serve de incentivo ao consumo do álcool. Não consigo ver o Tarot como um instrumento que sentirá pena ou apontará o dedo para a situação de alguém – pois isso decorre da interpretação de cada cartomante à luz de sua experiência. Contudo, como diagnóstico, sugere possibilidades do próprio consulente enfrentar seus medos, expectativas e ilusões. E sugere a troca do vinho pelo suco de uva, da cerveja por sua contraparte sem álcool, da dos destilados pela água saborizada… da inconsciência vexatória pela consciência dos próprios limites. Para superá-los, claro.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Oração a São Benedito


Glorioso São Benedito, grande Confessor da fé, com toda confiança venho implorar a vossa valiosa proteção.
Vós, a quem Deus enriqueceu com os dons celestes, impetrai-me as graças que ardentemente desejo, para maior glória de Deus.
Confortai o meu coração nos desalentos! Fortificai minha vontade para cumprir bem os meus deveres! Sede o meu companheiro nas horas de solidão e desconforto!
Assisti-me e guiai-me na vida e na hora da minha morte, para que eu possa bendizer a Deus nesse mundo e gozá-lo na eternidade. Com Jesus Cristo, a quem tanto amou.

Assim seja.

sábado, 4 de julho de 2015

Ensino, pesquisa e prática do Tarô: a práxis do tarólogo


  Ricardo Pereira


Ao obter acesso a uma entrevista disponível na internet, publicada no ano de 2005, cuja abordagem é focada no assunto "Tarô e previsão de futuro", percebi nela alguns pontos de vista bem interessantes e coerentes em relação ao fazer do tarólogo e outros que me despertaram o interesse em escrever um artigo sobre este assunto.

Em meio às muitas questões contempladas, uma me chamou especialmente atenção, não pela forma a qual foi elaborada, mas, pela resposta do entrevistado, quando lhe foi indagado: "[...] Você acredita que se possa prever o futuro através das cartas?" E, o entrevistado curiosamente respondeu:
 
[...] Não faz sentido. Estamos aqui num processo evolutivo e para que essa evolução aconteça, o livre arbítrio é indispensável. Se não fôssemos senhores de nossos atos – e portanto responsáveis por eles –, não haveria evolução, seríamos robôs. Acontece que conhecer o futuro com precisão é o mesmo que perder o livre arbítrio, o que anula o sentido da existência. [...] (REVISTA PILOTIS, 2005).

Bem, essa abordagem ou afirmação me levou a outro questionamento: qual o sentido que faz para uma pessoa conhecer o futuro, apenas, de forma imprecisa? Ora, tudo o que é impreciso deixa dúvidas, incertezas e o que menos se busca na consulta ao Tarô é a incerteza.
Pela perspectiva dessa resposta, o seu autor se coloca afirmando que a previsão de futuro através das cartas do Tarô "não faz sentido", mas, depois se contradiz afirmando que "conhecer o futuro com precisão é o mesmo que perder o livre arbítrio", portanto, ele admite a possibilidade de previsão de futuro, por meio das cartas do Tarô.
Por outro lado, essa afirmação um tanto ambígua, remete e convida, de maneira positivamente didática, aos que dão aulas sobre o Tarô, a uma investigação acurada e a uma profunda reflexão acerca da práxis tarológica e taromântica, ou melhor, a respeito das tendências do ensino, de como as informações sobre o Tarô devem ser repassadas, como devem ser conduzidas a pesquisa e a prática profissional nessa área.
Nos dias de hoje, com a possibilidade de tudo se tornar "tendência", não se pode duvidar que alguém venha a argumentar, em algum momento, que, o que foi afirmado, na entrevista citada, “é a tendência”, devendo, portanto, tais aspectos, tornarem-se, algum dia, regra ou padrão no campo do Tarô.
Mas, antes de se promover tal ideia, como axioma plausível, é necessária a verificação e confirmação dessa hipótese, através de investigações bibliográfica, histórica, empírica ou de forma "experimental", tomando-se, o devido cuidado com os fundamentos a serem utilizados em defesa de tal tese e, sobretudo, com os aspectos metodológicos de tal projeto, para a evolução da pesquisa e do ensino em Tarô, no sentido de se construir um conhecimento sobre o assunto, o qual lhe agregue real valor teórico e prático e, que, não deixe dúvidas ou confunda, na produção do discurso final, leigos ou profissionais da área sobre o conceito de Tarô, as suas finalidades, utilidades, operacionalidades e alcances.
Nesse âmbito, Caldas (2004), assevera que existe hoje, em um contexto globalizante, uma grave banalização do conceito de "tendência" e sobre isso ele afirma:

 
[...] vemos ocorrer uma extrema banalização do conceito de tendência. Há tendência para tudo, do modo de vestir, ao de pensar, o que convenhamos, é bem mais grave. [...] é fácil transformar uma tendência em algo tendencioso, privilegiando um único ponto de vista, ancorado em interesses muito específicos (geralmente, de mercado) e projetando-o no futuro como objetivo desejável para todos. [...] (CALDAS, 2004).

Sabe-se, que, na contemporaneidade, existem uns poucos estudiosos e praticantes do Tarô, os quais defendem, em meio a discursos psicologizantes, a tese de que o Tarô é um instrumento "terapêutico", o qual deveria ser, tão somente, focado ao auxílio do indivíduo em seu processo de individuação (conhecimento de "si-mesmo"), podendo ele, também, analisar ou verificar as possíveis tendências, para uma pessoa, durante essa sua trajetória. O mais interessante é que todo esse discurso é balizado, principalmente por leituras, estudos e interpretações unívocas e, às vezes, um tanto equivocadas dos postulados teóricos jungianos ou em outros autores que se utilizaram dos pressupostos de Jung no sentido de sustentarem os seus argumentos. No fim, tudo se reduz ao pai da Psicologia Analítica.
Nesse sentido, o que se pretende com este discurso, incentivados por interesses ideologicamente bem específicos, é a imposição de que, este oráculo, é um instrumento que deveria ser voltado apenas ao uso terapêutico, com foco no autoconhecimento em detrimento de seu efetivo ofício adivinhatório.
Não se pode negar, é claro, essa utilidade do Tarô, mas, também não se pode deixar de admitir que ele seja utilizado com outras finalidades, inclusive lúdico-pedagógicas, ou como um simples jogo de carteado, como afirmam os registros históricos sobre a origem desse oráculo. E, na mais esdrúxula hipótese, dependendo da finalidade e do indivíduo, há quem encontre condições de usá-lo de forma ritualistísca, com objetivos, inclusive, sombrios, escusos.
  Por outro lado, quando o utilizamos como um instrumento cartomântico ou taromântico ele também faz, desde tempos historicamente remotos, previsão, projeção, prospecção, presságio, antevisão, prognóstico, predição, presciência, conjectura e, também, hoje, como alguns insistem em afirmar e outros em concordar, "análise de tendências". E o melhor, é que o Tarô faz tudo isso, sem se importar se Einstein, um dia desses qualquer, afirmou que o "tempo não existe".
Pesquisando em um dicionário como o Houaiss da língua portuguesa, por exemplo, vê-se referências a todas estas terminologias, claro, com os seus devidos significados, como seguem:
 
a) previsão: ato ou efeito de prever; antevisão, presciência, [...] conjectura [...];
b) projeção: [...] cálculo antecipado de uma situação futura, com base em dados parciais [...];
c) prospecção: [...] lat. prospecto,as,ávi,átum,áre 'olhar para diante; olhar de longe, mirar, contemplar; procurar, buscar, adivinhar o futuro [...];
d) presságio: fato ou sinal pelo qual se julga adivinhar o futuro; prenúncio, agouro [...];
e) antevisão: [...] percepção de (acontecimentos futuros) por meio de conjecturas ou avisos transcendentes; presságio, pressentimento, previsão [...];
f) prognóstico: [...] que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo; que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício etc.) [...];
g) predição: [...] ato ou efeito de predizer, de afirmar o que vai acontecer no futuro; profecia, previsão, vaticínio [...];
h) presciência: [...] conhecimento do futuro; previsão, pressentimento [...];
i) conjectura: [...] lat. conjectura,ae 'juízo formado por presunção, por conjectura',[...] 'conjecturar, prever adivinhar' [...] ou conjecturar – ver antes; observar com antecedência; prever, antever, pressagiar [...]. (HOUAISS, 2009).

Observa-se por esses vocábulos, que todos eles trazem, em si, conotações de previsão, pois todos possuem a idéia de futuro inserida em suas acepções.

Uma palavra composta, a partir da aglutinação de dois vocábulos, "análise" e "tendência", vem ultimamente sendo utilizada no discurso tarológico, talvez, com o intuito de contemplar com uma roupagem mais modernizada o fazer profissional do tarólogo. "Análise de tendências" é o termo em voga. Alguns profissionais afirmam, com significativa ênfase, que o seu instrumento de trabalho, o Tarô, faz "análise de tendências".
Mas, afinal, o que quer dizer este léxico, o qual é constituído de dois termos, tão capazes de estabelecer uma crença que uma atuação, nesse nível, poderá, quem sabe, ser capaz de “legitimar” o Tarô e a profissão de tarólogo?
A fim de dar uma maior clareza a esta abordagem, faz-se necessário primeiro esclarecer o que significa a palavra "análise" e, posteriormente, o termo "tendência".
A expressão "análise" possui a sua origem no grego antigo, na terminologia, analusis, datada de 1578, "[...] com um sentido de 'dissolução; [...] desligar, dissolver, soltar, separar, libertar, analisar, examinar."
(HOUAISS, 2009).
Nesse sentido, Japiassu & Marcondes (1996) destacam, ainda, que segundo a filosofia, esse termo significa: "[...] divisão ou decomposição de um todo ou de um objeto em suas partes, seja materialmente (análise química de um corpo), seja mentalmente (análise de conceitos). Procedimento pelo qual fornecemos a explicação sensata de um conjunto complexo. Ex. análise de um romance, de um fato histórico. [...]".

Na verdade, o termo análise é efetivamente compreendido a partir da corrente filosófica denominada de "filosofia analítica", a qual a partir da escola aristotélica entende a “analítica” como a área da lógica que trata da demonstração da realidade e que, na escola kantiana, é a parte da lógica transcendental "[...] que tem por objeto a 'decomposição de nosso conhecimento a priori nos elementos do conhecimento puro do entendimento', isto é das categorias." (JAPIASSU & MARCONDES, 1996).

Observa-se, que tais conceitos filosóficos, referentes ao que seja a palavra "análise", levam à percepção que este é um processo e, se assim ele se configura, remete a uma ação, a qual vai muito além dos atos de qualificar juízos ou enunciados, pois visa, também, esclarecê-los, indicando, obviamente, a possibilidade, através da linguagem, de decomposição necessária de idéias ou contextos, sejam eles pouco ou muito complexos, em algo mais simples, de fácil explicação e compreensão. Não há dúvida, que essa ação está em consonância com a prática de leitura do tarô ou com a ação taromântica.
Após a construção e compreensão de tal vocábulo, muitas áreas do conhecimento humano passaram a adotá-la, tanto do ponto de vista teórico ou conceitual, quanto da prática profissional, inclusive as diversas mancias.
Cotidianamente por meio de mídias, ou de conversas com as pessoas, ouve-se falar da existência de atividades profissionais como as de análise de mercado, de negócios, da informação, análise psicoterapêutica, psicológica, matemática, análise de tendências etc.
Nesse âmbito, alguns praticantes de taromancia adotaram a atividade de "análise de tendências", como uma espécie de mecanismo de distanciamento ou de eliminação do foco de atuação do tarólogo da seara do Tarô adivinhatório. Por outro lado, quem não acredita que, na teoria e na prática, isso é possível, arrisca-se em afirmar que atua profissionalmente efetivando, em um discurso mais moderno, “análise taromântica” ou de forma mais tradicional, leitura de Tarô.
Nesse sentido, esclarecer a acepção do termo “tendência”, também é preciso. Segundo Houaiss (2009), este significa 
"[...] predisposição, propensão; [...] disposição natural; inclinação, vocação [...] evolução de algo num determinado sentido; direção, orientação [...]".
Ainda conforme Houaiss (2009) este termo deriva da raiz do vocábulo  tendente,  que se origina do termo latino tendens, o qual significa "[...] estender, prolongar, tender para, resistir, esticar; que tende; que se inclina ou encaminha para determinado alvo ou fim; que tem vocação; propenso [...]", possuindo como expressão de linguagem falada ou escrita o verbo tender, de origem latina "[...] tetendi, tentum ou tensum [...]", que denota "[...] estender, alargar (o espaço), esticar, prolongar, ir para, inclinar-se a, tender para, ter como fito, resistir, combater, acampar, estar acampado; [...] dirigir-se, encaminhar-se; [...] ter tendência, inclinação, pendor ou disposição para alguma coisa; [...] ter por fim, ter em vista; destinar-se; [...] aspirar a alguma coisa; esforçar-se por alcançar; [...] inclinar-se, voltar-se [...]."
Importante destacar, que as acepções da palavra "tendência" e de alguns de seus termos correlatos também possuem as idéias de movimento e de tempo, inclusive, de futuro, coadunando perfeitamente com o fazer do Tarólogo.
Os estudos, as pesquisas e as análises de tendência, amparados nas ciências, especialmente estatística, lógica e matemática, buscam identificar e analisar a repetição e a antecipar-se a determinados comportamentos e padrões comuns a dados fenômenos, a fim de estabelecer tendências ou expectativas em ciclos temporais, baseados na idéia de que tudo que se repete tende a ocorrer novamente, tornando-se, por assim dizer, previsível, fundamentados também na idéia de que é, também, no passado que se é possível encontrar os elementos facilitadores da previsibilidade.
Nesse contexto, afirma Caldas (2004),
 
[...] o conceito de tendência que se generalizou na sociedade contemporânea foi construído com base nas idéias de movimento, mudança, representação do futuro, evolução e sobre critérios quantitativos, [...] No enfoque, por exemplo, que a psicologia trouxe ao termo, há uma outra característica que importa ressaltar: a tendência aponta uma direção, sem, no entanto, atingi-la. Portanto, ela é uma força que não se realiza inteiramente (não se 'atualiza', no jargão psicológico). Essa incapacidade de atingir o objetivo para o qual aponta revela um outro aspecto da tendência, fundamental para compreendermos o seu uso contemporâneo: a idéia de incerteza quanto ao resultado a ser alcançado. (Grifos nossos).
 Desse modo, observando-se os significados e conceitos referentes aos termos "análise" e "tendência", é possível afirmar que a ação de "análise de tendências", em perspectivas ampla e geral, é um processo que permite, ao profissional desta ou de outras áreas, a antecipar-se ou a prever, a evolução ou direcionamento, possível, de algo, em dados períodos ou ciclos de tempo, a determinado estado ou condição, no sentido de auxiliar, àqueles que se interessarem, em processos decisórios, considerando-se, também, que a idéia de repetição de um evento e a de incerteza quanto a um resultado ser alcançado, são variáveis constantes nessa atividade.
Por outro lado, é fato que quem procura oTarô, dentre outros, o faz com o objetivo de sair completamente da incerteza momentânea que lhe aflige ou incomoda, para saber se vai ou não, realmente, superar um problema.
Dessa forma, se o Tarô responde a uma questão com um não, o consultante quer saber, com pelo menos "99% de certeza", consciente da existência dos limites impostos pela própria dinâmica da vida, o que poderá fazer, a partir do exercício de seu livre-arbítrio, para reverter ou mudar tal presságio ou para não repetir os mesmos erros ou deixar de se comportar, sempre, da mesma forma frente a certas situações.
Observa-se, no entanto, que o indivíduo busca o Tarô para tirar dúvidas, esclarecer-se, verificar possibilidades de ocorrências positivas em seus contextos ou experiências vividos.
As possíveis previsões oraculares são aguardadas, quase sempre, com ansiedade. É através delas que ele busca se precaver de algum prognóstico considerado negativo, almejando, por meio da orientação taromântica, tomar decisões acertadas, as quais lhe permitam caminhar, com mais propriedade, dentro de um rumo, certo, em direção a superação de seus desafios pessoais ou sociais, os quais influenciam de formas diversas em suas rotinas, em seus processos de autoconhecimento e evolução.
Nesse contexto de uma consulta ao Tarô, alguns defendem coerentemente a idéia que os arcanos apontam, apenas, para possibilidades; e como na vida as pessoas lidam diariamente com uma parcela de coisas evidentemente reais e com outras, nem tanto, então pode ocorrer, durante a análise taromântica, o fato de algum tarólogo afirmar, movido por algum tipo de necessidade, que este oráculo não pode garantir respostas 100% práticas, objetivas, assertivas.
Outro tipo de comportamento do tarólogo também pode ser evidenciado durante a sua prática profissional. Em alguns casos, aqueles que seguem uma linha terapêutica, focada nos símbolos arquétipos jungianos, quando indagados, por seus consulentes sobre o futuro, eles afirmam que o Tarô não se presta a esta atividade, pois ele “só” analisa tendências, sendo impossível, através da verificação dos símbolos do Tarô, o tarólogo conseguir adivinhar as mensagens arcânicas e a efetivar, obviamente, previsões de futuro.
A confusão conceitual recentemente introduzida no meio tarológico sobre os temas “tendência” e “análises de tendências”, merece um providencial esclarecimento, um sentido coadunado com o autêntico fazer do tarólogo e, claro, com o verdadeiro sentido dessas palavras.
Caldas (2004) deixa claro sobre esses assuntos ou atividades:
 [...] prever é preciso! Entre os usos que se fizeram do conceito de tendência, o que mais se generalizou, por razões óbvias, é aquele ligado a construir uma visão de futuro, que, como vimos, vem sempre embutida entre o hoje e o amanhã, que a suposição de que tendemos para algum outro ponto estabelece. Toda ação, no fundo, contém uma representação sobre o futuro. Além disso, é mais do que normal, é imperativo que o homem especule sobre o que está por vir, pois fazer previsões é uma forma de controlar a vida e de confrontar a experiência da morte que trazemos no inconsciente. Numa sociedade cada vez mais complexa e menos inteligível, não é estranho, portanto, que o conceito de tendência passe a ser instrumentalizado por futurologias e estudos prospectivos, para tentar dar conta de todo tipo de assunto. A História tem seus profetas; os subúrbios, as suas videntes. [...] Quanto mais se insiste no valor da mudança como eixo orientador de todas as esferas da vida, mais se vendem chaves de compreensão do mundo, mais se fazem valer aqueles que dizem saber abrir a caixa preta do futuro. (Grifos nossos).
 Observa-se, desse modo, que, paradoxalmente, os confusos psicologizadores do Tarô, os quais fazem "análise de tendências" (e não previsão de futuro, como enfatizam), deparam-se, hoje, com o fato de que a generalização do uso e da crença em tendências se deve a sensibilidade do ser humano em compreendê-las como possíveis desdobramentos do presente em direção a um ponto futuro, o qual pode ser conhecido antecipadamente, ou seja, deparam-se, tais profissionais do Tarô, talvez para os seus desalentos, com a certeza de que o entendimento, daqueles profissionais, das mais diversas áreas, os quais efetivam análise de tendências, é o de que, nessa atividade, amparados tanto pelo conceito, quanto pela prática, eles fazem, certamente, é previsão de futuro.
Desse modo, é incoerente afirmar que toda e qualquer análise de tendência, no campo do Tarô, difere ou não tem nada a ver com a ação de previsão de futuro, principalmente porque a práxis tarológica oferece em seu escopo, paradigmas operacionais bem antigos, os quais buscam, necessariamente, informações sobre o devir e o porvir.
Essas duas ações, com suas evidentes peculiaridades e similaridades, também compõem à atividade taromântica, assim como, desse mesmo modo, elas são ou podem se constituir em objetos de estudo, os quais podem ser significativamente aprofundados pela tarologia.
A previsão de futuro com o uso do Tarô é um fato incontestável e a experiência nos comprova que quanto mais próximo pode se estar de um evento acontecer, maior fica a probabilidade de um prognóstico taromântico se concretizar, exatamente porque os arcanos nos dão indicativos sobre as experiências pelas quais alguém, uma instituição, um país etc deverá passar, independentemente das intervenções pré-anunciadas pelo tarólogo, as quais poderão ou deverão ser efetivadas, posteriormente, para a concretização ou não de um fato. Dessa forma, observa-se que as perspectivas de tempo, de movimento e de mudança são constantes ou variáveis sempre verificadas pelo fazer do tarólogo, pela ação de previsão.
Nesse contexto, no que se refere ao gênero humano, o uso do livre-arbítrio pode interferir nos resultados previstos, ou seja, uma trajetória e experiência pressagiadas pelo Tarô poderão, com algumas poucas exceções, ser modificadas pelo indivíduo ou pelos envolvidos, mudando completamente uma conjectura ou fazendo com que ela nem se concretize. Esses poder e liberdade de escolha individual fazem parte, logicamente, do arsenal de recursos disponíveis às pessoas, os quais devem ser utilizados, bem ou mal, em seus processos de autoconhecimento e evolução nesse plano terreno.
Por outro lado, a ânsia por uma espécie de psicologização do Tarô não justifica a tentativa de invalidação da sua real possibilidade de previsão de futuro, dentre outras, através do uso discursivo e tendencioso de outros termos correlatos e muito menos por meio dos fundamentos da ciência psicológica ou de qualquer outra área do conhecimento.

A pluridisciplinaridade e, até certo ponto, a interdisciplinaridade (a qual se constitui em algo desafiador, e poucos são os que sabem fazê-la) são bem vindas no ensino e na pesquisa do Tarô e, de preferência ao seu serviço, no sentido da aproximação e diálogo entre os seus saberes e domínios epistemológicos com os de outros campos, sempre com o cuidado de se fazer com que cada área, envolvida nessa inter-relação ou interação, seja privilegiada com a disseminação de seus reais conceitos, com a demonstração de suas diferenças e, principalmente, sendo colocadas em um mesmo nível de importância, quanto aos seus objetos e finalidades práticas, a fim de não se deixar margens para a dúvida de que o Tarô é um humano, legítimo e eficiente saber antigo, enquanto a Psicologia, por exemplo, é uma ciência demasiadamente humana, como diria Nietzsche.
Referências Bibliográficas:
CALDAS, Dário. Observatório de sinais: teoria e prática da pesquisa de tendências. São Paulo: SENAC Nacional, 2004.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
REVISTA PILOTIS. n. 10, ago. 2005. Prever o futuro não tem nada a ver... (F. H. Pingarilho entrevista P. Camargo). Disponível em: http://www.revistapilotis.com.br/pedrocamargo/. Acesso em: 22 nov. 2009.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Energia das Cores


Índigo :É a cor da energia psíquica, geralmente associada ao chacra do terceiro olho, ou chacra da visão psíquica ou chacra óptico.O índigo ajuda a desenvolver as habilidades de visualização e confiança na habilidade psíquica.Orixá correspondente:Oxalá e Oiá –Tempo.


Vermelho-alaranjado: combina o melhor das cores do vermelho e do laranja, como uma faísca de vida em uma brasa de fogo. Perfeito para cura de estados críticos.Orixás correspondentes: Iansã,Obá e Oxumaré.

Vermelho: O vermelho é a cor do fogo, fazendo consigo as propriedades do calor, energia e paixão. A energia é muito física, mas não de base. Para alguns, o vermelho é intenso demais e traz sentimentos de agressão ou é associado a raiva. O vermelho é poderoso por honrar e liberar a raiva, em vez de suprimi-la.Orixás correspondentes: Iansã,Obá,Ogum e Exú.
Laranja: O laranja é outra cor de alta energia, usada para sustentar a energia e o sistema imunológico. Também deixa a mente limpa e fortalece o desejo. O laranja é associado ao planeta Mercúrio e aos poderes da mente, da memória e da comunicação.Orixás correspondentes: Oxumaré e Obá .
Dourado: E’ a cor masculina divina, associada ao sol. Indica boa saúde, sucesso, prosperidade, e poder interno. O dourado pode ser usado para superar o medo e contatar o desejo divino e o amor incondicional.Orixás correspondentes: Oxumaré e Oxum.
Amarelo: O amarelo é associado ao fogo e ao ar. De alguma forma é associado ao medo, mas também ajuda a limpar a mente e auxilia na comunicação espiritual.Orixá correspondente:Oxum.
Esverdeado: É muito purificador, especialmente para problemas emocionais e questões de repressão. Ele traz problemas a superfície para serem cuidados.Orixás correspondentes: Oxossí,Obá,Ossaim  e Iemanjá.
Verde: Cor da vida, do crescimento e da cura. Associado a Terra, usado para curas físicas e emocionais. Também é a cor do dinheiro e pode ser usado para prosperidade. Orixás correspondentes: Oxossi,Obá e Ossaim.
Turquesa: o turquesa é uma cor para todos os propósitos, usada para o amor incondicional e equilíbrio, comunicação, proteção e cura. Quando estiver na dúvida use o turquesa.Orixás correspondentes: Oxossí e Iemanjá.
Azul: Para paz, prosperidade, cura espiritual, e trabalho dos sonhos. Tente visualizar o azul ao seu redor em noites difíceis. O azul e o roxo são cores de planeta Júpiter, que é o planeta da expansão e da abundancia, por isso é uma cor forte quando que você quer expandir seus recursos.Orixá correspondente:Iemanjá.
Roxo: é a cor da paz e do equilíbrio espiritual que traz e do equilíbrio que traz tranqüilidade não apenas para a mente, mas também para a alma. Tonalidades de roxo são ótimas para quando estamos sentindo espiritualmente desequilibrados ou fora de controle.Orixá correspondente:Nanã 
Violeta:É uma das cores vibracionais mais elevadas, usada para amenizar vibrações mais baixas de uma área. Mistura as propriedades do vermelho e do roxo. Alguns visualizam como uma chama roxa que extermina o mal, outros a visualizam antes e depois das meditações e rituais. O violeta é outra cor usada para as habilidades psíquicas. Idem .
Preto: E’ uma cor altamente carregada. As pessoas podem amá-lo ou odiá-lo. Alguns têm medo por causa de suas correlações culturais com o mal, mas psicologicamente o preto é a cor mais relaxante. Quando você fecha seu nervo óptico você vê o preto. Orixás correspondentes: Omolú e Exu.
Marrom: Tons da terra são para o alinhamento e a cura física. São particularmente bons para a cura em animais. Como o preto, o marrom é básico, mas não tem algumas associações negativas culturais que o preto tem. Orixá correspondente: Xangô.
Ferrugem: cor de purificação ajuda a liberar e desviar energia e pensamentos indesejados.Orixá correspondente:Xangô e Obá.
Rosa: Cor da felicidade e da auto-estima. Use a luz rosa quando estiver infeliz e excluído. Ela centraliza, acalma e traz pensamento e sentimentos revitalizantes . O rosa  é outra cor para o chacra cardíaco.Orixás correspondentes: Iansã e Ibeji.
Prateado: Como o dourado  combina com o masculino divino,o prateado como a lua, identifica-se com o feminino divino. O prateado é para a intuição, ótimo para realinhar os ciclos internos e  para a habilidades psíquicas.Orixás correspondentes:Oxalá(Oxaguiã) e Oiá-Tempo.
Branco: É a cor espiritual usada pela maioria das tradições especialmente a Umbanda, assim como os Druidas usavam o branco e os padres usam túnica branca durante algumas missas. E’ a cor de todos os propósitos, que contem todas as cores.Oxalá e Oiá-Tempo.