sábado, 8 de agosto de 2015

Todo cuidado é pouco ao interpretar O Carro


Daiana Rodrigues

Ao olharmos a imagem do arcano O Carro identificamos de imediato um homem conduzindo seus próprios caminhos de vida com bravura, determinação e impetuosidade, não é mesmo? A figura que está na direção do arcano VII representa uma espécie de “senhor de seu destino”. É alguém sagaz, valente, incisivo e dinâmico.
No entanto, quem olha este admirável arcano nem sempre imagina a complexidade que ele pode representar numa leitura taromântica, caso a pessoa não domine o tarô ou o considere unicamente como um arcano auspicioso. O Carro possui detalhes mais profundos que se escondem por trás dos bastidores, mas que poucos conhecem.  Ele é um arcano que gera questões polêmicas, debates controversos e interpretações equivocadas.
Há 10 anos, quando comecei a jogar tarô, aprendi que O Carro era um arcano de vitória, conquista e realização. Inclusive, há tarólogos que o veem estritamente desta forma, considerando absurda qualquer afirmação que se oponha a este conceito. Mas, aí eu pergunto a você, leitor: será que O Carro é basicamente um arcano de vitória? A resposta é não.
Além disso, qual é a justificativa para que qualquer coisa diferente de conquista seja inadmissível?  Na minha visão, afirmar que O Carro é um arcano de vitória e conquista, absolutamente realizador, enrijece o significado do arcano e limita a análise do jogo, pois eu tenho evidências de que nem sempre esta carta traz “flores”.
De acordo com minhas experiências, O Carro tanto pode concretizar a questão em análise, quanto não realiza-la, porque o arcano VII é um arcano de aproximações e afastamentos de situações e, principalmente, pessoas. A justificativa para isso encontra-se na velocidade, atributo marcante no simbolismo do arcano VII.
Na prática, eu cansei de ver que ele pode trazer rumos inesperados dentro de uma situação que parecia estar devidamente encaminhada, isto é, certa ou segura. Por esse motivo, os cavalos da imagem do arcano parecem ir para lados opostos. Uma hora, o caminho do carro pode mudar de direção. Mas, isso dependerá da decisão e vontade do motorista que o conduz – o consulente ou outra pessoa diretamente envolvida na questão.
Além disso, como O Carro representa a decisão tomada após a vivência do dilema centrado em Os Enamorados, o arcano VII tanto representa o “sim” quanto o “não”. Pode ser um passo adiante, um progresso, evolução ou reaproximação, quanto um afastamento, uma perda ou fracasso. Tudo depende muito do caso, do arcano menor que o acompanha e das demais cartas da mesa de jogo.
Com O Carro, já presenciei na prática, rompimento de relacionamento amoroso com o afastamento de seus parceiros, como também, já vi reaproximação de pessoas que estavam afastadas. O fato é que se deve ter o máximo de cautela ao interpretar O Carro, principalmente para casais, pois ele tanto pode representar a evolução da relação, como o fim da mesma, com o consequente afastamento entre os parceiros. Não devemos nos esquecer que o arcano VII é basicamente um arcano de movimento, e isso traz aproximações e afastamentos.
Por exemplo, Carro com o 8 de Paus, 8 de Copas ou o 6 de Espadas acentua ainda mais o caráter de movimento, o que não é muito perigoso para casais tem um relacionamento sólido. O Carro com qualquer um desses arcanos menores (e até mesmo outros que não foram citados) não firma nada, só afasta, e geralmente, é um afastamento oriundo de uma decisão unilateral, em que a pessoa está convicta de seguir seu caminho sem o outro(a) parceiro(a)!
Entretanto, já vi pessoas afastadas se reaproximarem com O Carro com 6 de Copas, Pagem de Copas, Rainha de Copas e outros arcanos menores. É importante ressaltar, que O Carro, por ser um arcano de movimento, não necessariamente significa que quem regressou irá ficar, mas a possibilidade também não está descartada. Por exemplo, quando aparece O Carro para um ex-casal é muito provável que se reaproximem e voltem a “ficar”. Porém, o arcano VII não promete namoro firme. Isso depende da presença de outros arcanos que denotem firmeza e estabilidade.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

sábado, 1 de agosto de 2015

Tarô - o caminho do guerreiro

Alcides de Paula Chagas Neto

  Nomeei este texto de “Tarô – o caminho do guerreiro” porque o tarô é o caminho do conhecimento, e o caminho do conhecimento é um caminho de mistérios. Para se penetrar nos caminhos do mistério, deve-se viver como um guerreiro. Ser um guerreiro não significa que se quer fazer guerra, como as que fazem os homens comuns, mas sim a única forma de combate que vale a pena ser vivido, que é o Bom Combate, ou seja, o combate interno, contra as nossas “imperfeições”, pois só assim, se pode compreender o sentido das palavras citadas e se viver o caminho a ponto se um dia se tornar o caminho.
  Não me considero totalmente um guerreiro por acreditar que para ser realmente um guerreiro, o caminhante deve vencer, pelo menos em boa parte, a si mesmo. Por esse motivo utilizo mais freqüentemente as palavras caminhante ou estudante, já que até podermos afirmar que somos realmente guerreiros, temos de dar mostras disso em nossa palavras, atos e pensamentos.
    Em nossa escola, que segue a Tradição Antiga do Tarô – que, inclusive é respaldada pela Ordem   Rosacruz –, a qual está perdida nas brumas do tempo, e que tem sido recuperada aos poucos, ensina-se que o estudo do tarô é constituído de 20 ciclos, onde cada ciclo é, por sua vez, constituído de 20 níveis e cada nível de 20 portais, sendo ainda que, em cada portal, se passa pelos 22 arcanos maiores.
Portanto, há a necessidade de se conhecer e compreender a essência dos ensinamentos dos arcanos maiores em toda a sua profundidade, pois é nesses arcanos que estão as chaves secretas para essa jornada. Cada arcano contém em si as chaves para o arcano seguinte, que significa um passo na passagem dos portais, e também as chaves para transpor cada portal, trilhar cada nível e cada ciclo.
  O tarô é tão vasto e complexo em sua estrutura e significação que é impossível querer ou pretender saber e conhecer tudo sobre ele. Seria o mesmo que pretender, em nossa pequenez humana, insinuar que se tenha conhecimento da sabedoria divina.
   Cada lâmina representa um conjunto de símbolos, cada símbolo a uma Ideia, e esta a um conceito, que pode ser explorado ao máximo de suas significações e possibilidades, o que nos dá um potencial de alcance inimaginável. Além disso, também está associada a um número, que pode ser associado à ideia intrínseca da carta, ou nos remeter a outros valores que vão abrindo cada vez mais o leque de probabilidades e possibilidades.
    O tarô não nos fala somente do caminho iniciático, mas também nos fala da atuação neste mundo do homem comum, do não-iniciado, que não conhecendo as forças que regem o destino de todos os homens, são, em geral, meros marionetes nas mãos dessas forças fabulosas e misteriosas e do destino.
É fundamental que estudante do tarô compreenda que o tarô, em suas simbologias abrange todos os aspectos da vida, é atemporal, ou seja, mesmo que tenha sido criado há milhares de anos – pois, segundo nossa escola, que segue uma tradição muito antiga, o tarô foi criado na Atlântida, e esta foi tragada pelo mar há aproximadamente 13.000 anos – é sempre atual. Isso porque foi estruturado para desempenhar a função de um orientador espiritual, que independe de tempo, região, cultura, credo religioso, etc.
   Suas cartas, ou lâminas, contém um conhecimento que transcende todas as pequenas concepções humanas. O tarô contém em si todos os ensinamentos dos grandes mestres da humanidade, justamente porque eles não vieram falar por si próprios, mas falavam em nome da consciência universal, que eles conheciam e viviam.