Eles chegam aos terreiros de Umbanda e
Candomblé Angola, jogando seus laços com passos rápidos e ágeis, com um ótimo
“pé-de-dança”, com seu lindo Brado. Gostam de usar chapéu de couro ou chapéu panamá,
preferem camisa xadrez com ou sem um jaleco de couro.
Vêm trazendo os cantos do Nordeste, esses
boiadeiros dessa região preferem chapéu típico de sua origem e usam muito o
couro,quando encarnados usavam para se proteger dos espinhos da caatinga,os do
centro-oeste e sudeste usam mais blusa xadrez e alguns usam chapéu panamá, os
no norte são mais simples em suas vestes e a maioria usa um chapéu panamá os do
sul gostam do chapéu de couro com um lenço no pescoço, também há boiadeiros
mais novos e outros mais velhos de idade.
Também usam laços, gostam de beber aluá,
cerveja, gostam de churrasco e feijão tropeiro. Alguns deles já foram exus e
conseguiram acolhimento e alta evolução e hoje trabalham como Boiadeiros.
Outros nunca foram exus e atuam na linha cósmica.
São espíritos hiperativos, são refreadores
dos espíritos do baixo astral, em suas investidas hostis e controlam e dominam
o espírito capturado por isso os Boiadeiros são da linha de Iansã e trabalham
na justiça divina direcionando esses espíritos a lei e a luz de Oxalá, portanto
também atuam na linha de Xangô, ou seja, são da linha do trono da justiça
regidos por Xangô e Iansã.
Boiadeiros são aguerridos, valorosos,
sisudos, de poucas palavras, mas de muitas ações, seus pontos cantados sempre
aludem a bois e boiadas, a campos e viagens, a ventanias e tempestades. O
arquétipo da Linha de Boiadeiros é a do tocador de gado, enfim, dos homens que
viveram na lida do campo e dos animais e que desenvolveram muita força e
habilidade para lidar contra as intempéries e as adversidades.
É um Arquétipo forte, impositivo,
vigoroso, valente e destemido. Representa a natureza desbravadora, romântica,
simples e persistente do homem do sertão, também chamado de caboclo sertanejo.
Lembra os vaqueiros, boiadeiros, laçadores, peões e tocadores de viola; muitos
deles mestiços, filhos de branco com índio, de índio com negro etc., trazendo à
nossa lembrança a essência da miscigenação do povo brasileiro, com seus
costumes, crendices, superstições e fé.
Nesta Linha manifestam-se espíritos que
usam seus conhecimentos ocultos para auxiliar pessoas que estejam atravessando
momentos muito difíceis. São combativos, inclusive no corte de magias
negativas, porque conseguem promover “um choque” em nosso campo magnético e
liberá-lo de acúmulos negativos, obsessores etc.
Na linguagem dos Boiadeiros, “boi” é o
próprio ser humano em desequilíbrio. Ou seja, são os espíritos encarnados e os
desencarnados em desequilíbrio perante a Lei Maior, necessitados de auxílio.
Suas referências a cavalos, a tocar a boiada, a laçar e trazer de volta “o boi”
desgarrado do rebanho, ou atolado na lama, ou arrastado pelos temporais, ou que
se embrenhou nas matas e se perdeu, ou que foi atravessar o rio e foi arrastado
pela correnteza etc., tudo isso tem a ver com o trabalho realizado pelos
destemidos Boiadeiros de Umbanda: eles resgatam os espíritos que se rebelaram
contra a Lei Divina, pois esses espíritos são como “bois e cavalos” que não
aceitam os “cabrestos” ou
limites criados pela Lei de Deus e que por isso precisam ser “domesticados” e
educados. Nada melhor que os Boiadeiros para fazer isso.
Quando um Boiadeiro da Umbanda gira no ar o
seu laço, ele está criando magisticamente, dentro do espaço religioso do
Terreiro, as ondas espiraladas do Tempo, que irão recolher os espíritos
perdidos nas próprias memórias desequilibradas e/ou irão desfazer energias
densas acumuladas no decorrer do tempo.
Já quando um Boiadeiro
vibra o seu chicote, está recorrendo de forma magística e religiosa à Divina
Mãe Iansã, para movimentar e direcionar os espíritos estagnados no erro e na
desordem. É muito efetivo o seu trabalho contra os espíritos endurecidos.
Dentro
da Linha de Boiadeiros, em algumas Casas também se manifestam os “Cangaceiros”,
simbolizando os espíritos daqueles que em recente encarnação viveram no sertão
e lutaram contra grandes injustiças sociais. Isso pode parecer estranho, à
primeira vista, e muitos se perguntam o quê um “cangaceiro” teria a oferecer,
em termos de trabalho espiritual de ajuda.
Ocorre que os “cangaceiros” do sertão
brasileiro de fato surgiram, em meados dos anos 1920, para defender as
populações humildes dos maus tratos e desmandos dos “coronéis” e demais
detentores do poder material, que massacravam os menos favorecidos,
tomando-lhes muitas vezes até as mulheres, os poucos bens e a dignidade
pessoal. Esses homens “poderosos” mandavam e desmandavam, pois se achavam acima
das leis humanas e, por certo, não conheciam ou não respeitavam as Leis
Divinas. E os “cangaceiros” (Lampião e seu “bando”, os mais famosos)
representaram, à época, um movimento popular de revolta e combate a tais
desmandos. Foram marginalizados, até porque aos “poderosos” isso convinha. É
provável que tenham cometido lá seus excessos também, respondendo à violência
das armas com outras armas; mas, pelo menos, tinham a justificativa de estar
lutando pelos mais fracos. Já os opressores, qual desculpa teriam?
Enfim, o temperamento combativo desses
espíritos de certa forma foi-se agrupando à Linha dos Boiadeiros e eles começaram
a se manifestar para trabalhar, nos Terreiros de Umbanda que os acolhiam. Não
são “bandidos e malfeitores”, mas espíritos que têm identificação com o
Arquétipo do sertanejo forte e destemido.
Há Casas em que os Cangaceiros vêm na Linha
de Baianos. Mas, tecnicamente falando, e sem desrespeitar opiniões em
contrário, se bem analisarmos os Arquétipos das duas Linhas mencionadas, parece
mais adequado a sua aproximação com os Boiadeiros. Porque o Arquétipo do
Boiadeiro é o do homem sertanejo. Já o Arquétipo dos Baianos é o dos Sacerdotes
(construído a partir dos primeiros Sacerdotes da Bahia e do Nordeste, que
mantiveram, sustentaram e divulgaram o Culto aos Orixás). Mas, é claro, a
Umbanda é uma religião universalista, voltada unicamente para a prática do Bem,
de modo que não vale a pena discutir sobre divergências menores. Essencial é
verificar se os espíritos que se manifestam estão praticando o Bem, dentro dos
fundamentos da religião, independente do nome com o qual se apresentem.
Continuando a discorrer sobre o assunto,
recolhem os espíritos que se desviaram perante a Lei Divina e agem de forma
desequilibrada em qualquer dos Sentidos da Vida; combatem os espíritos trevosos
e as magias negativas; promovem uma limpeza profunda em nosso campo magnético,
despertando em nossas vidas, de forma ordenada, movimento e direção.
Nomes simbólicos,
Boiadeiro da Serra da Estrela, Zé do Laço, Zé das Campinas, João Boiadeiro,
Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro
do Ingá, Boiadeiro de Imbaúba, Boiadeiro José Venâncio, de Boiadeiro da Juremá,
Zé Mineiro.
Também,
a Linha de Boiadeiros é uma linha transitória criada por Ogum e outros Orixás
para que todos os Exus de Umbanda, assim que evoluam, possam galgar um novo
grau de trabalhos espirituais, no qual deixam de ter que atender a todos os
pedidos, não importando se são justos ou injustos, se são bons ou ruins, pois
Exu é neutro e assume a polaridade de seu ativador. [Obs.: Exu é neutro. Ele
“funciona” de acordo com a polaridade da pessoa que a ativa. Mas a
responsabilidade é de quem o ativou e lhe deu a própria polaridade, boa ou má.
Todo
espírito que atua como Exu de Umbanda, ao conquistar o grau de Boiadeiro,
recupera o seu livre arbítrio e já não é obrigado a responder às invocações com
fins negativos.
Após conquistar o grau de Boiadeiro, o
espírito deixa de ser conduzido pelos “bois” e torna-se um tocador “de gado”.
Operam nos terreiros com seu laço, chapéu e
cigarro de palha. O seu grito característico captura espíritos decaídos que
atormentam os consulentes, encaminhando para guias espirituais de socorros
destes seres desencarnados. Geralmente no Candomblé incorporam nas giras de
Caboclos. São associados aos Mineiros, dependendo da região em que se situa o
terreiro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhOzr5J8vqLH6DF1MOCJbzxREptrYp2FwOI2qs3xn0TAYJ3eS6qJPP1vh9mDaAhQ-L1siTMgsMKkpz7s0PvlZSFbW2HfEaqRvmd_6uidU9dxSZAvDiOZg963srdMvMWe3Qsw3ZH7RgLZwD/s320/baoiaderio+4.jpg)
humildade, boiadeiros representam a força de vontade,
a liberdade e a determinação que existe no homem do
campo e sua necessidade de conviver com a natureza e
os animais, sempre de forma simples, mas com uma
força e fé muito grande. São habilidosos e valentes.
Suas maiores funções não as consultas como
as dos
preto-velhos, nem os passes e as receitas de remédios
como os caboclos, e sim o “dispersar de energias” aderida
aos corpos, paredes e objetos. É de extrema importância
esta função, pois enquanto os outros guias podem se
preocupar com o teor das consultas e dos passes,
os boiadeiros “sempre” estarão atentos qualquer alteração de energia do local (entrada de espíritos negativos).
preto-velhos, nem os passes e as receitas de remédios
como os caboclos, e sim o “dispersar de energias” aderida
aos corpos, paredes e objetos. É de extrema importância
esta função, pois enquanto os outros guias podem se
preocupar com o teor das consultas e dos passes,
os boiadeiros “sempre” estarão atentos qualquer alteração de energia do local (entrada de espíritos negativos).
De um modo geral, utilizam chapéus de vaqueiros,
laços de corda e chicotes de couro, são ágeis e costumam chegar aos terreiros
com sua mão direita levantada, girando, como se estivesse laçando, esbravejando
a inconfundível toada "êeeee boi" como se ainda estivessem tocando
seu rebanho.
A incorporação do Boiadeiro, quase sempre em
homens, confere uma virilidade inusitada ao “aparelho” emprestando arrogância,
valentia e muita alegria, alegria descompromissada com os interesses atuais.
Seu andar gingado parece estar sempre à frente de um boi bravo. Brincalhão,
gosta de improvisar trovas e dar música a algumas delas. Nunca se furta a
dançar o samba de roda – sambangola – onde se mostra exímio dançarino que, além
de agilizar a dança com parceiros físicos, se supera em trejeitos com parceiros
astrais, tudo ao mesmo tempo.
É uma linha de trabalhadores extremamente
poderosa contra as demandas espirituais, são trabalhadores de grande força e
também não andam sozinhos. Quando em guerra unem-se em legiões, o que os torna
imbatíveis contra as forças do mal. Da mesma forma que os baianos, os
boiadeiros depois de certo comparecimento aos trabalhos, tornam-se amigos e
confidentes e a eles podemos pedir ajuda em situações que necessitem muita
energia.
Entre os protetores, acreditamos que os
Boiadeiros são os mais evoluídos espiritualmente, são sempre muito sérios em
tudo o que fazem e ensinam. O Boiadeiro da mesma forma que os nossos Guias, não
trabalha e nunca cruza a linha para a esquerda e com eles ninguém brinca,
tenham a certeza disso, a tremenda força vibratória que invade o terreiro no
momento da chegada e da incorporação da linha é sentido por todos, seja por
médiuns ou aqueles que assistem aos trabalhos.
A magia de sua gira é inconfundível, as
histórias que trazem na bagagem são tão fascinantes como importantes no exemplo
que nos exprimem. Um Boiadeiro traz consigo as lições de um tempo onde o
respeito aos mais velhos e a natureza, a família e aos animais, enfim, a boa
educação e bons costumes falavam mais altos e fazia muito mais diferença do que
nos dias de hoje.
A linha de Boiadeiro possui um significado
interessante. Esses espíritos de homens corajosos, fortes e destemidos,
passaram a trabalhar no plano espiritual contra a demanda e forças negativas. O
boi de agora, nada mais é do que os Kiumbas, as forças negativas que precisam
ser laçadas e controladas. Sua boiada também pode significar os filhos de fé que
são "tocados”. Esses espíritos atuantes da Umbanda, também podem ser
encontrados nos chamados Candomblés de Caboclo, ligados à nação de Angola,
com algumas características diferentes.