sábado, 26 de dezembro de 2015

Os arcanos malditos... Uma Torre em minha vida

A temida Torre quando sai numa rodada de cartas, nem sempre é ruim...

Tinah Lima

A Torre sempre traz à nossa mente uma perda: sonhos interrompidos, tapetes puxados, castelos de areia levados pelo mar, escolhas equivocadas que caem sobre nossas cabeças, planejamento errado que falhou... Tudo por mau uso do livre-arbítrio...
A frase perfeita: “Meu mundo caiu!”.
Estamos sempre ligando A Torre às perdas, mas essa carta representa muito mais que isso. Ela mostra o fim de uma situação que não está em acordo com o Propósito Divino e a perda é a consequência desse fim. Término dos sonhos, término do planejamento da vontade humana. Fim do cenário idealizado por alguém que achava que estava no caminho certo. A famosa frase do Crowley e sua Sociedade Alternativa: “Fazes o que tu queres, há de ser tudo da lei”, vem cobrar o seu valor. O Universo põe um fim naquilo que não pode mais ir adiante e a perda torna-se inevitável.
É por isso que os diversos baralhos representam a carta com uma torre sendo destruída por um raio cósmico. Alguns desenham o raio saindo do “Olho que tudo vê”. Outros autores personificam-na com uma coroa, que é um símbolo de poder terreno. Cada criador dá o seu toque, mas sempre vemos um cenário de destruição. Raios, pessoas se jogando, chamas, explosões, etc. O fim da construção humana que não estava de acordo com a vontade Divina.



E como conselho?
A Torre saindo numa tiragem de conselho indica que você não está no caminho certo. Tomou decisões erradas. Forçou a barra. Indica que o que você quer não é do seu direito... Então?... Ótimo! Melhor a Torre aparecer no conselho, porque é um sinal de que você se aconselhou antes da tomada da decisão e pode evitar a situação ruir. É um conselho que pede uma mudança drástica de atitude, planejamento, vontade. Exige uma parada repentina no modo de agir e pensar, porém nem sempre temos a coragem, a humildade e o desapego necessários para segui-lo. E... É aí que se apresenta a Torre como a maioria conhece... O “não”! Seguido das perdas, das quedas, da interrupção nos projetos e muitas vezes, da dor. 
É o fim! Acabou! Sempre que sai uma Torre no jogo, é sinal de término. É o Universo dizendo “não” pra você através do Tarô.
Pensando a Torre como uma negativa ou um fim e não somente como uma perda, podemos começar a ver esse arcano “maldito” como benéfico. Basta pensarmos em situações que queremos que termine ou em cenários onde adoraríamos ouvir do oráculo um “não” como resposta.
Vamos imaginar uma que pessoa está numa situação muito ruim e quer mudar isso. Na sua tiragem aparece o temido arcano XVI – A Torre. Nesse momento é perfeito! Sinal de término da experiência negativa. Término do sofrimento.
Um exemplo: a pessoa está numa empresa que está fazendo muitos cortes e demitindo funcionários. Essa pessoa pergunta ao Tarô: “Serei demitida?” E a Torre aparece. A resposta é não! Um tremendo não! Aliás, a Torre é sempre um sonoro não!
Quem não quer um ”não” como resposta para perguntas assim?
 

Vou perder o emprego”? 
Vou repetir o ano na escola? 
Terei que me submeter à cirurgia? 
Precisarei vender o carro para pagar as contas? 
Serei despejado do imóvel onde moro? 
Vou cair na malha fina? 
Meu namorado está me traindo?
Todos nós adoramos receber A Torre nessa hora... Esse é o não que gostamos de ganhar! Portanto, não existe arcano bom ou mau, melhor ou pior. Dependendo da situação vivida e a posição na tiragem, o arcano se mostrará contra ou não a sua vontade e muitas vezes, receber A Torre na tiragem é um bom sinal!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Natal...




No dia 25 de Dezembro que se aproxima comemora-se o nascimento do Mestre Jesus, Mestre Sananda, Jesus de Nazaré, Yeshua, Isa, Cristo.

Este Mestre da Hierarquia da Fé, veio ao mundo para ensinar ao homem, a venerar com Amor e Respeito o Deus nosso Pai Criador, que se manifesta em cada um de nós, pois todos somos Seres Divinos.

Jesus veio nos ensinar a venerar um Deus que encontramos em nosso interior, e não na figura do homem.

O simbolismo do momento, data “Nascimento de Jesus”, significa o nascimento do nosso Pai Criador em nossos respectivos íntimos. O instante em que somos capazes de nos voltar para nós mesmos, e reconhecer o nosso Deus Interior, a nossa Natureza Divina. E percebemos que a Vontade do Pai Maior pode se manifestar em nós.

Esta data significa o início do Caminho Místico, o qual trilhamos até que cheguemos de volta aos braços do Pai. E Mestre Jesus veio nos ensinar a trilhar esse caminho nos sentidos da Fé e do Amor.

Ao comemorá-la anualmente, estamos renovando a Fé e o Amor pelo Deus que habita em cada um de nós.

O Natal hoje se tornou um motivo para trocar presentes, enquanto o maior presente de todos já nos foi dado por Deus, que é poder ser um pedacinho dele. E o presente que podemos dar a alguém nesta data, é ver o Deus que há nela, reconhece-la como um ser Divino por isso perfeito, mas que pode somente estar neste momento desequilibrado.

No Natal todos estão mobilizados para preparar uma bela ceia, escolher a melhor roupa para usar, enfeitar a casa, brincar de Papai Noel. Este é o Natal da maioria das pessoas. Enquanto primeiro deveriam mobilizar-se para receber os aspectos divinos em nosso interior. A famosa frase “Jesus vem ceiar conosco esta noite” é falada em muitas casas neste dia, e é utilizada como motivo para preparar uma ceia estonteante. Isto é utilizar o Sagrado para justificar o Profano. “ Eis que bato a porta , SE abrires Eu entrarei e cearei contigo”…e muitos são os que não abrem a porta, pois estão envolvidos com a futilidade mundana. Lembrando mais algumas palavras “Onde houver dois ou três reunidos em Meu nome, eu estarei no meio deles.” E no Natal estamos nos reunindo em nome da troca dos presentes, das comidas saborosas, ou em respeito e reverência ao Mestre Jesus?

Una a sua família, acenda no íntimo de cada um a chama da Fé e do Amor, deem direção a esta data que está vazia de sentido. Avivem o Ser Divino de cada um, não importa como, se fazendo uma prece, um clamor, ou qualquer outra forma. Esta será a maneira que Deus se manifesta no seu interior, será a Vontade d’Ele.

Aos Magos, sugiro que também aproveitem o dia para se inspirar em Jesus, como um dos Grandes Magos que passou pela Terra. Na condição de Guardião dos Mistérios, auxiliou a todos que recorreram a ele. Amparado pelas Leis Divinas fez um lindo trabalho. E chamo a atenção também, para mais um simbolismo que há no “seu nascimento”: Os Três Reis Magos representam a Egrégora de Magia acolhendo o novo Mago que chegou para servir à Deus.

E, como Umbandista, não poderia deixar de falar que Nosso Amado Mestre Jesus trabalha da Hierarquia de Pai Oxalá, como um Oxalá Intermediário.

Portanto, desejo a todos que nesta data, todos se fortaleçam na Fé, livrando-se das ilusões e dos medos que os atormentam. E que através da Fé possam chegar ao Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração.

Epa Babá Pai Oxalá! Agradeço ao Senhor por ter enviado um Senhor de sua hierarquia, para nos ensinar o que é a Fé; Para nos mostrar que não conseguimos chegar ao Pai Maior, sem passar pelo Primeiro Sentido da Vida que é a Fé. Peço hoje a sua benção a todos nós, que o Senhor nos ampare e estimule a nossa Fé sempre. Peço que envie a Sua Paz a todos nós agora e sempre. Amém!

Por Carla Guedes, com o auxílio dos Mestres Espirituais.
Postado por Fraternidade Espírita Monsenhor Horta 

sábado, 19 de dezembro de 2015

A Imperatriz- a mãe terrena


Sentada em seu trono, enfeitado pelo símbolo da fecundidade; as romãs em seu vestido, o campo de trigo, a floresta, o rio, todos mostram que ela é o solo. As doze estrelas mostram os doze meses do ano e a mostram como senhora das estações. O sinal de Vênus mostra o aspecto pacifico da mãe natureza, o seu lado protetor e fecundo. Assim, o lado destruidor, implacável do seu caráter fica em segundo plano.
É a carta da criatividade e da energia vital de  solo praticamente inesgotável, fazendo brotar coisas novas de si. Representa as fases férteis, o desenvolvimento animado e as inovações cíclicas.


Arquétipo: A mãe ( A mãe natureza)
Tarefa: ser fértil, trazer o novo ao mundo 
Objetivo : Energia vital e crescimento, renovação cíclica, afirmação da vida
Risco : Crescimento desordenado, instabilidade 
Disposição íntima: Pisar em solo fértil, sentir-se vivo, conhecimento de ciclos e confiança na plenitude

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Oiá-Tempo- O Tempo que gira, que vira e reequilibra a nossa fé

Oyá-Tempo é a Orixá que está assentada negativo (cósmico) do Trono da Fé. Junto com Oxalá, dá a sustentação a todas as manifestações da Fé e amparo a todos os “sacerdotes” virtuosos que estimulam a evolução religiosa dos seres. O campo preferencial de atuação da Mãe Oyá-Tempo é o religioso, onde Ela atua como ordenadora do caos religioso. Rege a religiosidade nos seres. Absorve a fé em desequilíbrio, para reconduzir os seres ao caminho do equilíbrio.

Ela é o próprio espaço-tempo onde tudo se manifesta. Por isso dizemos que é uma Divindade atemporal, ou seja, é em Si o próprio Tempo, não está sujeita ao Tempo, mas rege o seu sincronismo. Nossa relação ou noção de espaço-tempo depende da movimentação dos astros no espaço, e daí vêm os conceitos de dia e noite, bem como o nosso senso cronológico.



Simbolizada pela espiral do Tempo, manifesta-Se em todos os locais, assim como Oxalá, com o qual faz par, na Linha da Fé. Sendo um Orixá Cósmico, Ela pune quem se aproveita com más intenções das Qualidades Divinas relacionadas com a Fé e a Religiosidade.

Tempo é ”o vazio cósmico” onde são retidos todos os espíritos que atentam contra os princípios divinos que sustentam a religiosidade na vida dos seres. A essência cristalina irradiada pelo Divino Trono Essencial da Fé é neutra, quando irradiada. Mas como tudo se polariza em dois tipos de magnetismos, então o pólo positivo e irradiante é Oxalá e o pólo negativo e absorvente é Oyá-Tempo.

Oxalá é o Sol da vida enquanto Oiá-Tempo  é o Tempo, onde tudo se realiza.Oxalá é a Fé abrasadora enquanto Oiá-Tempo é o gélido Tempo, onde são desmagnetizados os seres desequilibrados nas coisas da Fé.Oxalá é o Pai amoroso que fortalece o íntimo dos seres e os conduz ao encontro do Divino Criador enquanto Oiá é o Tempo por onde caminham os seres que estão buscando o Criador.



Oxalá é a Fé de Deus nos Seus filhos enquanto Oiá-Tempo é o rigor divino para com os filhos que Lhe voltaram as costas.Oxalá é o Orixá da Fé enquanto Oiá-Tempo  é o Orixá do Tempo, pois é o tempo que atua no ser, acelerando sua busca pela Fé ou afastando-o das coisas religiosas, direcionando sua evolução para outros sentidos da Vida.

Oxalá é passivo no seu magnetismo de corrente contínua, cuja irradiação estimuladora da Fé chega a todos o tempo todo enquanto Oiá-Tempo  é ativa no seu magnetismo de corrente alternada, onde uma onda espiralada estimula a religiosidade, enquanto a outra onda esgota a espiritualidade na vida dos seres emocionados, fanatizados ou desequilibrados.





Aspectos particulares


Nome:Oiá-Tempo
Sincretização:Santa Clara, no candomblé pode ser São Francisco de Assis,São Lourenço e São 
Pólo:Oxalá (positivo)
Filiação: - 
Cor: cinza e branco ou apenas cinza 
Vela: branca 
Oferenda:canjica com tiras de coco,acaçá de leite ou de milho branco.
Símbolos e ferramentas: espada e ampulheta ou apenas ampulheta
Saudação: Tempo oiô, zara Tempo, olha o Tempo e  vira o Tempo ! 



sábado, 12 de dezembro de 2015

Arcano XVIII - A Lua e suas relações com outros arcanos

Flávio Alberoni


Considero de maneira especial este arcano, pois pessoas muito queridas em minha vida, o possuem como característica forte em sua personalidade.
Difícil ficarmos indiferentes às pessoas que o possuem como uma força intrínseca. Assim como também é difícil recorrer a seu estudo sem nos orientarmos por inúmeros pareceres e linhas de conhecimento muitas vezes conflitantes. Mas... isso é comum a todos os Arcanos. O estudo pormenorizado e racional muitas vezes descaracteriza a energia maravilhosa de cada um deles. Mas, como já disse anteriormente, não caio nessa: há muito renunciei o estudo meramente racional do tarô – talvez por falta de competência...
Peço, assim, ajuda a Cousté: O fundamental ante o tarô é uma atitude de disponibilidade tão despojada de superstição como de ceticismo. Mais adiante, ele acrescenta, citando Luc Benoist: O ponto de vista esotérico não pode ser admitido e compreendido a não ser pelo órgão do espírito que é a intuição intelectual ou intelecto, correspondendo à evidência interior das causas que precedem a toda a experiência.

Fazendo esta singela citação eu cedo um pouco aos ditames do Arcano, extremamente detalhista e enciclopédico em citações, comparações, trilhas no caminho, etc.


Primeiro a descrição da carta, coisa que qualquer livro de texto fornece de maneira bem mais detalhada. Um ser (cujo formato e tipo variam a gosto do freguês – caranguejo? lagostim?) sai de um lago e enfrenta um caminho sinuoso. Extremamente sinuoso. E logo no início é recebido por dois animais. Alguns dizem que se trata de um lobo e de um cão. Além da trilha sinuosa duas torres servem de fronteira a algo mais distante. Em cima, a Lua derrama lágrimas de cores diferentes. Há todo um universo de explicações para essas imagens. Passemos ao largo disto. Foge dos objetivos desta modesta exposição.

É impossível para mim avaliar o Arcano XVIII sem suas complementações associadas, como é o caso da sequência binária de Wirth, em que ele faz oposição com o Arcano V – O Papa. A carta da Lua está ladeada pelos arcano XVII – A Estrela e XIX – O Sol. Por outro lado, o arcano da Lua tem características bastante práticas, com relação à sua maneira de expressar, pois na mesma exposição de Wirth é tido como um arcano da linha prática, feminina e que busca as raízes das coisas. Também é múltiplo de três, o que equivale possuir uma criatividade em desenvolvimento e ser um elemento energético importante, com sua energia sempre em movimento.
Em sua busca a pessoa desperta o cão – a sociedade, e o lobo – a si próprio, com todas as suas agruras. E o caminho sinuoso indica que a cada dose acrescida de conhecimento, há um repouso, há uma cristalização. Nada indica conhecer mais e mais sem estabilizar o já adquirido.
Pelas pessoas que conheço regidas pelo XVIII, há uma relação em comum: detalhe, meticulosidade, vagarosidade na busca do conhecimento. Mas, sempre em profundidade, mesmo nos casos negativos.
Estrela, Sol e Lua

Este processo pode ser qualificado pelos arcanos próximos. Se ele possui um toque maior do – XVII – A Estrela, encontramos (em termos de personalidade) uma pessoa espiritualizada, com forte tendência aos estudos esotéricos. Ou um pesquisador metódico e ousado, com toques de criatividade extrema e até arriscada (também por influência do XVII – A Estrela).
Com o fator XIX – O Sol, em reboque, há um toque profundo pela busca de resultados, além da necessidade de harmonização. Por outro lado, uma presença maior de espírito crítico. Voltando ao pesquisador, há um ardor enciclopédico e uma exigência de que cada coisa ocupe um lugar essencial na busca do resultado. Não aceita conversas frívolas, apesar do XIX lhe dar uma alegria que o XVIII em essência – por sua seriedade – não possui. A proximidade maior do Arcano V – O Papa, o transforma num educador. Pode ser pesquisador, pode ser filósofo, pode ser agregado á minúcias exageradas, mas é um educador por natureza. Sem o Arcano V, aliás, e sem a influência dos outros, o arcano XVIII pode se tornar um verdadeiro déspota.
Usei como exemplo um pesquisador, mas logicamente esse raciocínio pode abranger qualquer situação.
A relação, apresentada abaixo, sustenta o que falei. Gosto mais desta disposição do que a veiculada por Wirth e, ousadamente, eu a considero mais completa. Confira o Os indícios reveladores dos segredos do Tarô, de Wirth.



O quadrilátero 19/18/4 e 5 (Sol, Lua, Imperador e Papa) permite inferir um processo de reconstrução, onde formas velhas eliminadas dão lugar a formas novas, mais pensadas, cristalizadas de uma maneira segura e completa. Mas o processo construtivo característico deste Arcano nos leva representar uma personalidade em formação. Eu diria que um processo de cura de qualquer natureza tem um ponto forte no Arcano XVIII – A Lua. E este processo de cura é estimulado pela presença do Arcano V – O Papa, pois o XVIII tem uma tendência a ficar preso a hábitos perniciosos.
De modo mais abrangente este aspecto construtivo pode ser extrapolado até à concepção da formação do universo. Nessa linha, entraríamos no estudo dos Tammatras e Tattwas, conhecimento muito rico, mas que extrapola nossa atenção deste momento...
 
A luz refletida permite que eu vá lento
e determinado,
talvez para resolver a mim mesmo.
Não me afasto e mudo os passos
mesmo ofuscado pelo caminho.
Meço com cuidado o caminhar
Adianto o olhar atento
e com precisão demarco
a cristalização de meus sonhos.
Sonho que de maneira vívida acontece 
sem antecipação, dentro,
bem dentro de mim.
 
Referências:
Libertação pelo Yoga – Caio Miranda
El tarot – o La Máquina de Imaginar – Alberto Cousté
Le Tarot des Imagiers du Moyen Age – Oswaldo Wirth
Arcanos Maiores do Tarô – G. O. Mebes