quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A imagética dos Ases



                                                         Glória Marinho




O autoconhecimento vem quando vocês se observam em seu relacionamento (...) com todas as pessoas volta;vem quando observam o comportamento do outro, os gestos,
a maneira como se veste, como fala (...);
surge quando vocês observam tudo em vocês, sobre vocês,
e quando veem a si mesmo ao enxergar o próprio rosto no espelho.”

                                                                                     J. Krishnamurti
   
Na literatura do tarô vemos que as cartas apresentam correlações umas com as outras, conectando-se mutuamente e surgindo, assim, algo que precisa ser desenvolvido como se fosse um processo de reflexão.
As cartas do Tarô representam o caminho do autoconhecimento e, por isso mesmo, pode-se ler nas entrelinhas o desenvolvimento. desse processo, que acontece com todos os Arcanos. Focalizando apenas os Ases no jogo, temos que seu papel seria o de iniciar o planejamento dos Arcanos Maiores. São os iniciadores dos eventos de uma jornada numa nítida conexão com o primeiro Arcano Maior: O Mago.  Assim, temos que os Arcanos Maiores nos falam das possibilidades e os Arcanos Menores do planejamento dessas possibilidades.

         
As figuras da Corte, por sua vez, analisam e autorizam a sua execução. Sara Bartlett, em sua "Bíblia do Tarô", explica mais claramente a função das cartas numeradas: “Essas cartas representam acontecimentos e áreas de vida nas quais você vai viver experiências, descobrir e vivenciar a si mesmo, lugares e temas, nos quais descobrirá mais sobre quem você é de verdade. Elas incluem casos, atividades e preocupações que você mesmo encontrará no dia a dia.” As cartas do Tarô, como acontece nos sonhos, são representações mentais dos arquétipos e, como tal, essas imagens necessitam de respostas imaginativas, que deverão vir da imaginação, da inspiração e da intuição e não de explicações literais.
Para enfatizar o que foi dito acima acrescentaria resumidamente apenas uma simbolização de alguns números: 3 – 4 – 7 – 8. O número três possui o significado da Unidade na Diversidade, como acontece com o Louco. Ele passeia pelos Arcanos Maiores, enquanto os Ases permeiam as Cartas Numeradas. O número quatro, por sua vez, simboliza a completude e a totalidade das coisas. De todos eles, o mais conhecido e complexo é o número sete, representando sa soma da Divindade (3) com a Humanidade (4), na relação dos deuses com o mundo. Representa ainda o resultado da soma do masculino (3) e feminino (4).  Na Bíblia,  é  o número da totalidade e
da ambivalência. Quanto ao número oito, este é o número por excelência do elemento Terra, sendo o número dezoito o do elemento Ar.
A função dos Ases
Sendo os Ases os indicadores das realizações previstas e atentando para as mensagens dos Valetes ou Pajens, serão eles, os Ases, que darão o aval para que as cartas numeradas ponham em prática as escolhas feitas pelos Arcanos Maiores, utilizando para isso a reflexão e a ação propriamente ditas. Rose Gwain nos diz que: "(...) dos Ases aos Dez representam as oportunidades, situações e experiências que encontramos na vida. Elas representam a energia dos elementos à medida em que avançamos pelas espirais de crescimento.
Em sua relação com o autoconhecimento vemos que os Ases, sintetizando as energias dos respectivos naipes, facilitam a compreensão do mundo através das imagens plásticas. Nas palavras de Patricia Berry, citada por Gustavo Barcellos em seu livro "Psique e Imagem": “A imagem é uma complexidade de relações (...) justaposições e interconexões. Uma imagem não é apenas significado, nem apenas relações... (..) não são imagens, mas antes, maneiras de estruturar  imagens” . Atentamos também para o que diz o mestre G. O. Mebes, sobre os Ases: "... eles representam não apenas os seus naipes, mas todos os Arcanos Menores contidos neles em suas potencialidades."

Os Quatro Ases no estilo de Robert Place
Os quatro ases: Paus, Copas, Espadas e Ouros na representação de Robert Place
Se observarmos a Alquimia como parte da Mitologia Mundial vemos também que ela é a pedra fundamental da psicologia da individuação Junguiana. Nos textos alquímicos encontramos o casal real (rei e rainha) bem como o simbolismo da Lua e do Sol e assim por diante. O Dr. Thom Cavalli, em seu livro "Psicologia Alquímica" - Receitas Antigas Para Viver Num Mundo Novo)", acredita que a essência da sabedoria alquímica já está presente em nosso subconsciente e pode ser utilizada como uma aprendizagem para melhorar a nossa vida. Acrescenta ele: "O chumbo é relacionado com a depressão, a morte e o Inconsciente, e Mercúrio, o deus trapaceiro, nos faz avançar no processo de individuação."
O deus Mercúrio (trickster) é, algumas vezes, o nosso Louco, sem dúvida, mas deixemos para depois esta constatação, já que, no momento, estamos tratando dos Ases. Seguindo o raciocínio de E. Edinger, podemos interpretar os Ases de maneira alquímica. Eles apresentam um contexto de Unicidade quando determinam a essência que devem ser seguidas pelos respectivos naipes. Apresentam também o aspecto centralizador que é a relação direta com os quatro elementos. Encontramos ainda um paralelo com a sexta operação alquímica denominada Separatio. Nela, a descrição é feita como uma divisão em quatro. Diz Paracelso que: “Na criação do mundo, a primeira separação começa com os quatro elementos, quando a prima matéria do inicio era o Caos. Desse caos, Deus fez o Mundo Superior separando em quatro elementos: Fogo, Ar, Água, Terra.”


         
Dos quatro elementos derivam as quatro funções da psicologia Junguiana: Pensamento, Intuição, Sentimento, Sensação. Diz E. Edinger: “O Pensamento determina os conceitos gerais em que os fatos podem ser situados. O Sentimento nos diz se gostamos ou não dos fatos. A Intuição sugere a possível origem dos fatos, aquilo a que possam levar-nos e os vínculos que podem ter com outras; ela apresenta possibilidades e não certezas”.
Levando para uma análise mais cuidadosa, vemos que o simbolismo da Separatio pode ser mais contundente no Ás de Espadas, representando o seu  simbolismo principal: dividir, cortar, nomear e diferenciar. No final, como meta da Individuação, deverá ocorrer a purificação que é, nada mais, nada menos, a reconciliação dos opostos, reconhecida na Coniunctio. Portanto, os Ases são os iniciadores propriamente ditos do caminho do autoconhecimento.
Na literatura do tarô encontramos que há uma conscientização, nas figuras das lâminas, de que a jornada da vida está retratada passo a passo, como se formassem uma estrutura sistêmica, permitindo assim que as imagens representativas dos arquétipos se entrelacem umas com as outras numa compreensão maior das atividades da psique.
Complementando, vejamos o pensamento das autoras Dicta e Françoise: “As lâminas do tarô pertencem às esferas, correspondendo à expressão das suas forças no cotidiano.  Os Ases
reúnem-se em Kether, que representa a unidade e a raiz de cada elemento”. Em outras palavras, são os Ases que representam a essência divina do ser humano e a quintessência dos naipes, que, com todas as suas energias inclusas na variedade dos trunfos, faz com que toda a pluralidade se radicalize na Unidade.
Entre as várias atribuições dos Ases ligadas aos naipes a que pertencem escolhemos algumas:
Ás de Paus – criatividade e espiritualidade e vontade para o crescimento do auto-conhecimento
Ás de Copas – sentimento e amor
Ás de Espadas – poder e força muitas vezes sobrepujando os sentimentos
Ás de Ouros - poder material e espiritual com ênfase no autoconhecimento
Iniciando com a carta do Ás de Paus surgido num jogo, tudo indicará que é chegada a hora de por em prática toda a criatividade do consulente, através de uma maior conscientização de seus atos.  O Ás de Paus traz ainda em seu bojo revelações que interessam à parte social. Ele afirma que os problemas que envolvem os outros também são importantes para a pessoa. A solidariedade nesse caso garantirá o sucesso almejado.
         
O Ás de Copas indicará um inicio de relacionamentos envolvendo muita ação emocional. É importante prestar bastante atenção às mudanças de sentimentos. É preciso uma análise reflexiva para saber exatamente o que está acontecendo.
O Ás de Espadas transmite a mensagem de que os potenciais estão despertando. Anuncia também um ciclo de auto conquistas.
O Ás de Ouros chama atenção para um recomeço de vida onde o poder de criação e a estabilidade financeira estão em alta.
Não vamos esquecer que as mensagens dos Ases estarão diretamente vinculadas à mensagem primeira (I Ching) efetuada antes da leitura das cartas em busca da sincronicidade do momento vivido. Falando em sincronicidade, nos lembramos do simbolismo das imagens que vemos, por exemplo, com o teste de Rorschach (borrões de tinta), ou com o Teste de Apercepção Temática (desenhos inacabados), vistos, de certa forma, como descendentes do tarô moderno.
As imagens são o meio de explicitação das experiências humanas. No dizer do autor Gustavo Barcellos: "Em toda imagem há uma múltipla relação de significados, de disposições, de proposições presentes simultaneamente."
Na nossa visão, com o método de apresentação das cartas, na correlação do A.T.9 (teste dos nove arquétipos) teremos uma reinterpretação das cartas com a  presença dessa sincronicidade que pode ser vista claramente, como afirma [H. Hopeke em seu livro: “Uma sorte proposital e uma chance significativa”.]
Ainda falando de Sincronicidade há que se ver:
A questão da causalidade, chamada de mitos no sentido depreciativo.
O mito visto como uma realidade sagrada.
No sentido psicológico a Sincronicidade apresenta as conclusões que seguem: coincidências acontecem sempre e querem dizer alguma coisa e desde que elas sejam significativas e estruturem a vida numa narrativa coerente são consideradas sincronicidades.
Esses acontecimentos sincrônicos provocam no homem moderno uma maneira diferente e mais completa no pensar, sentir e estar presente no mundo. Assim acontece no Tarô em suas coincidências significativas.
Pondo em destaque a “rede” de interpretações na tiragem das cartas, diria que o funcionamento se fará a partir de uma orientação do I Ching. Em primeiro lugar, antes da consulta propriamente dita, pois indicará o momento vivido pelo consulente em termos de


         
coincidências significativas.  Por exemplo, com o hexagrama da Comunicação, ver-se-á a convergência dos eventos indicadores das cartas. Os Arcanos Maiores dirão das possibilidades dessa comunicação.
Os Ases dirão das modalidades de atitudes para o Casal Real tomar as providências necessárias. Os Pajens ou Princesas serão os mensageiros para as cartas numeradas, cada uma no seu naipe, para a execução final dos eventos sobre o tema da Comunicação. Caberá ao consulente acatar ou não as suas decisões, por conta do livre arbítrio. As escolhas das palavras chaves estarão relacionadas ao tipo de tarô utilizado, já que há uma grande variedade delas, e às mensagens implícitas de cada carta, sem esquecer, todavia, o enfoque no autoconhecimento. Para um maior esclarecimento lembro aqui as palavras de James Hillman em seu livro "Ficções que Curam": "Nosso método, além do mais, não interpreta a imagem, mas fala com ela. Não pergunte o que a imagem significa, mas o que ela quer."
http://www.clubedotaro.com.br/site/galerias/imagens/jc-p01.jpgEncerrando, diria que o importante para o tarólogo, na tiragem de cartas  nesta interpretação, é a conexão estabelecida entre a resposta de I Ching e o desenvolvimento dela no decorrer da consulta, não havendo necessidade de serem feitas perguntas no inicio da consulta. Só no final estas perguntas surgirão para uma maior explanação do assunto em questão.
Já que os Ases foram vistos como uma espécie de elo de ligação entre os arcanos na explanação da interpretação do A.T.9,  vejamos o que nos diz o mestre G. O. Mebes em seu livro "Os Arcanos Menores do Tarô": "O Às de Ouros (..) representa a idéia que permeia as aquisições de Ouros , a luta e os sofrimentos das Espadas, a bem aventurança de Copas e a realização de Paus”. Em seguida: "O tema dos Ases é tão vasto que (...) temos de limitar-nos ao principal e, especialmente, à ideia de unicidade”.
Com este artigo finalizo a reinterpretação das cartas do Tarô, iniciada com o primeiro artigo, Rastreamento dos Símbolos, citando um pensamento de Gilbert Durand, autor da Teoria do Imaginário: "Por isso, nós que acabamos de dar um lugar tão belo à imaginação, pedimos modestamente que se saiba dar lugar à cigarra ao lado do frágil triunfo da formiga." (Gilbert Durand- As Estruturas Antropológicas do Imaginário).

sábado, 26 de outubro de 2013

Enforcado: o momento que antecede as grandes mudanças


                                                                                             Titi Vidal

   
Olhamos para o décimo segundo arcano maior do tarô e encontramos um homem pendurado, de cabeça para baixo. A primeira reação, quase que instintiva, costuma ser a vontade de virá-lo ao contrário.
O nome “Enforcado” traz a ideia de que este homem pode estar à beira da morte, prestes a sufocar e morrer. Bem, se pensarmos que o próximo arcano é a Morte, de certa forma esta é iminente, mas não do jeito que costumamos imaginar em um primeiro contato com a carta.
Quando olhamos calmamente para o Enforcado, notamos seu rosto tranquilo. Ele está em paz e quando chegamos mais perto, parece até que está meditando. Olhando atentamente, notamos que nem amarrado ele está. Ou seja, está ali porque quer ou, mesmo que ali tenha sido colocado contra sua vontade, continua apenas pelo tempo que quiser.
Uma experiência interessante para analisar melhor esta carta: seguir o primeiro impulso, e virar este Enforcado ao contrário, com a cabeça para cima e os pés para baixo. No lugar de um homem dependurado, enforcado, esperando a morte, veremos um homem meditando, tranquilo, refletindo em paz. Voltemos a virá-lo como estava e, agora sim, podemos analisar este Enforcado.
Durante sua jornada, O Louco já viveu muita coisa até aqui. Já constitui seus valores, ganhou experiência, amadureceu e passou por grandes mudanças. Por tudo que passou, estava sentindo-se forte, enérgico, cheio de si. Na carta anterior, a Força, percebemos todo nosso potencial. Então, quando achamos que conquistamos tudo, que já somos e temos tudo que desejamos, alguma coisa acontece e mostra nossa impotência. Passamos da ação à submissão, da atitude para a espera, da possibilidade de fazer o que desejamos, do nosso jeito, para a necessidade de esperar que algo aconteça. Já estamos vivendo a carta do Enforcado.
Neste ponto da jornada, temos que fazer uma pausa e olhar o mundo de outra forma. Não temos como enxergar com clareza sem olhar por outra perspectiva. Por isso, ele está de ponta cabeça. Ele precisa olhar de outra maneira. Sem isso, não é possível encontrar qualquer solução.
Esse é um dos sentidos desta carta: é preciso olhar a vida de outra maneira se queremos encontrar a resposta. É preciso fazer esse exercício de reflexão sob outro aspecto, de outra perspectiva, de outro lugar.
 
Além disso, é preciso manter a calma. Quanto estamos vivendo o Enforcado, não podemos ter pressa. Precisamos parar, independente do que esteja acontecendo. Temos que refletir lentamente e não temos outra alternativa. Por isso, esta carta é sempre um convite para reflexão, para a introspecção, para a meditação e o autoconhecimento.
Quando estamos vivendo o Enforcado, não temos qualquer controle sobre nossas vidas. Os acontecimentos  externos  costumam  ser  caóticos e estamos nas mãos do destino. E como
não temos o que fazer, concretamente, precisamos refletir, pois a única coisa que está em nossas mãos é a forma como podemos olhar a vida neste momento. Esse olhar pode fazer toda diferença na forma como vamos encarar as coisas.
Viver o Enforcado significa esperar. Não temos como acelerar os processos e situações externas e por isso temos que nos acalmar, pois ansiedade não combina com este momento. Enquanto esperamos, podemos escolher entre uma espera paciente e tranquila, ou angustiada e ansiosa.
Como o próximo arcano será o treze, a Morte, estamos às vésperas de uma grande mudança. Algo grandioso está para acontecer e, depois disso, nada será como antes. A carta da Morte traz uma transformação radical, profunda. Algo em nós ou em nossa vida vai morrer. Então, durante o Enforcado, temos que nos preparar para isso.
Os processos de morte, incluindo mudanças e grandes transformações, sempre trazem alguma dor. Trazem a necessidade de reflexão, de preparo. Temos que saber o que estamos abandonando e o que, depois que a Morte acontecer, poderá (re)nascer. Somos como a lagarta, que está para se tornar uma borboleta...
Na verdade, no Enforcado não somos mais o que éramos, mas ainda não somos o que seremos. Estamos entre o ser e o não-ser. Entre o que já acabou e o que ainda não começou.
Por isso, podemos nos sentir sem referência, sem base, sem raiz. Nossos pés não estão conectados ao chão e isso pode nos deixar confusos, pois podemos nos sentir nadando à deriva, sem saber onde estamos e onde podemos chegar. Em alguns casos, é como se tivessem tirado o nosso chão.

Como já nos desconectamos do passado, das estruturas sólidas, do que tivemos que abandonar, podemos nos sentir de mãos atadas, sem saber quem somos, como devemos agir, o que podemos fazer. Podemos nos sentir numa espécie de limbo e podemos ter sensações totalmente novas.
Na verdade, apenas estamos entrando em contato com nossa essência, com sentimentos e sensações desconhecidos, mas que sempre estiveram em nós. Também estamos conhecendo nossos sentimentos e sensações e por isso precisamos de tempo para gerir tudo isso. Por isso temos que ter calma e devemos saber esperar. Por isso também este é sempre um ótimo momento para o autoconhecimento.
Como não temos controle das coisas, podemos sentir como uma fase difícil, e pode ser mesmo. Mas não precisa, necessariamente, ser assim, já que, quando estamos falando sobre o Enforcado, o sentimento que acompanha o momento depende totalmente de nós mesmos, da forma como enxergamos e sentimos o mundo que estamos vivendo.
Este também pode ser um momento de sacrifício, quando decidimos abrir mão de alguma coisa que nos era valiosa em nome de alguém, de alguma coisa, ou de algo maior. Este sacrifício, em geral, é voluntário, mas pode ser sofrido quando nos percebemos desconectados daquilo que nos era tão importante. Até porque ainda não sabermos o que acontecerá depois que o processo de mudança estiver completo, não conhecemos o que vem pela frente, nos resta apenas ter fé e saber esperar.
O Enforcado é um momento de gestação. Não podemos pular etapas. A gravidez deve respeitar um determinado ciclo e se o nascimento acontece antes da hora pode trazer sérios problemas. É assim também quando estamos vivendo uma mudança acompanhada do Enforcado. Pular etapas pode implicar numa morte definitiva, assim como acontecerá com a lagarta não passar por todo processo e por toda dor antes de se tornar uma borboleta.
Assim, se estamos vivendo o Enforcado, temos que saber esperar. Temos que confiar mais em nós mesmos e no que estamos sentindo. Além de nós mesmos, só podemos confiar em algo maior, que pode ser o que chamamos espiritualidade, Deus, ou algo nessa linha. Nada além disso, porque não temos referências concretas do que vai nos acontecer. Não temos controle de nada e não podemos acelerar as coisas. Estamos na expectativa e sem fé, calma e confiança, não daremos conta de atravessar bem essa fase.
Por isso, nos resta olhar para dentro, refletir, esperar, acreditando que a morte pode ser positiva, que uma porta  nunca  se  fecha  sem  que outra se abra em seu lugar. Temos que acreditar que se já não somos mais quem éramos antes, é porque podemos nos tornar uma pessoa muito melhor.
Se abandonamos algo é porque temos algo maior para abraçar. Se nos sacrificamos é porque algo merece esta nossa dedicação. Temos que confiar que podemos morrer porque vamos renascer, que podemos abandonar o passado porque o futuro nos espera, que podemos sair do casulo porque quando nos transformarmos em borboleta poderemos voar.
O Enforcado é aquele momento que antecede todas as grandes mudanças, onde estamos entre o ser e o não ser, entre o que já foi e o que está por vir. Mas justamente por estarmos no meio de duas coisas, temos que processar, digerir todo processo, finalizar todos os ciclos, e preparar a fase nova, conectados com a alma, conscientes de que todo processo, no fundo, depende de nós. Por isso temos que viver um dia de cada vez, com calma e confiança, com fé e certeza, sabendo que a qualquer momento o processo estará completo e nós estaremos de novo em pé, transformados, novos, com um mundo de novas possibilidades pela frente.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Dez de Ouros -Abundância Material

O Dez de Ouros no Tarot de Marselha - Kris HadarA carta  Dez de ouros é vista como uma das melhores cartas do Tarô e uma das mais promissoras dos arcanos menores.O Dez de ouros significa abundância material,ao contrário do Cinco de Ouros  que significa dificuldades financeiras devido a esbanjamento.O Dez de Ouros junto com Dez de Espadas e/ou Mago significa que depois de muito esforço e habilidade esta pessoa conseguirá se manter financeiramente
e junto com o Três de Ouros evidencia um grande crescimento profissional até uma suposta promoção ou aumento de salário.Esta carta apresenta também que muito dinheiro está em jogo,e assim como toda carta de Ouros fala mais do lado terreno e material das pessoas,ao contrario do de Copas que fala sobre o emocional,Paus problemas e demandas  e Espadas relações,mudanças e conquistas.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ciência dos Orixás


 Rubens Saraceni explica muito bem a Ciência dos Orixás,falando das virtudes da vida e dos elementos terrestres,assimilando cada um formando as 7 linhas de Umbanda.Alguns Orixás foram falados aqui neste blog e outros mais serão falados.Para cada linha de Umbanda Deus - Olorum,criou dois orixás um para irradiar e outro para absorver e esgotar,sendo o irradiante positivo e o esgotador/absorvente negativo assim formando as sete linhas que sustenta as leis espirituais da terra.No post de Oxumaré vimos um pouco dessa ação das linhas em conjunto agora vermos mais.

 As virtudes são: Fé,Lei,Amor,Conhecimento,Equilíbrio,Razão,Geração

As estimulações de cada uma são:Religiosidade,Ordem,Concepção,Raciocínio,Evolução,Razão,Geração

As Linhas de Umbanda:Fé,Lei,Amor,Conhecimento,Evolução,Justiça,Criação/Geração

Os elementos:Cristalino,Mineral,Vegetal,Telúrico - Aquático, Ígnea - Eólico ,Aquático - Telúrico


Para cada linha o Orixá regente:

Lei -Ogum                                        
  Justiça -Xangô             
Fé -Oxalá                                           
Amor -Oxum                                                
 Conhecimento -Oxossí
Evolução - Obaluaiê                         
 Criação- Iemanjá



Cada linha seu estimulo e elemento

Lei - Ordem- Eólico                                                                  
     Amor- Concepção -Mineral
Fé- Religiosidade - Cristalino                                                         
Criação -Geração -Aquático-Telurico
Evolução - Equilíbrio Espiritual -Telúrico -Aquático                        
Conhecimento - Raciocínio - Vegetal
Justiça -Razão - Ígnea -Eólica



 Deus Criou dois pares de Orixás para  as linhas,elementos e virtudes:


Fé    Oxalá/ Oiá-Tempo                      
Lei  Ogum /  Iansã Egunitá                              
Amor  Oxum / Oxumaré                       
Evolução Obaluaiê / Nanã                     
Justiça Xangô / Iansã                            .
Conhecimento Oxossí / Obá
Criação Iemanjá / Omolú

Obs: Iansã é tanto Ígnea quanto Eólica ela trabalha quanto na Linha da Justiça,quanto na Linha da Lei,polarizando tanto com Ogum,tanto quanto Xangô.

Olorum-Deus Pai do Universo



Olorum”, ou “Olodumaré”, ou Zambi, é o criador do Universo, é o próprio princípio criador em eterno movimento, fonte de tudo o que somos e de tudo o que nossos sentidos possam perceber.
Se quisermos encontrar Olorum, temos que procurá-lo primeiramente em nós mesmos, Ele é o princípio que rege tudo e todos, é infinito em suas perfeições, é eterno, imutável, imaterial e único. É todo poderoso porque é único, e é sobre tudo, soberanamente justo e bom.
Para acreditar em Deus, Olorum, basta o homem lançar os olhos sobre as obras de sua criação. Duvidar de sua existência seria negar que todo efeito tivesse uma causa, e admitir que o nada possa fazer alguma coisa.
Deus, Olorum, não é uma força ordenada pelo homem, muito pelo contrário, por mais sábio que seja o homem, uma religião, ou a própria humanidade, jamais conseguirá penetrar em seus mistérios. Esse “saber”, seus mistérios ou qualquer que seja o nome que lhes dê: Jeová, Alá, Brahama, Zambi, pouco significa perante o criador, são apenas formas diferentes para expressar a mesma coisa.


Quando adquirimos conhecimentos a respeito dos muitos meios que Olorum se utiliza para comunicar-se conosco, vamos em busca de Sabedoria, esta que nos revela seus mistérios ocultos e sagrados, e quando nos tornamos sábios, procuramos nos guiar pela Razão ou pelo Raciocínio, este que nos ensina a usar o que a Sabedoria nos revelou: seus mistérios divinos, sua força ativa e sua razão de ser.




A escolha racional nos leva ao equilíbrio da alma, este equilíbrio nos diz o que é certo e o que é errado na vida, e é isso que faz com que aqueles que já adquiriram o seu equilíbrio e se tornaram conhecedores da Lei, se sacrifiquem em beneficio de seu semelhante, sem nada esperar em troca, e quando alguém se torna um “equilibrador” de seus semelhantes, baseado sempre na Caridade pura, que é a Lei maior ensinada pelo Mestre Jesus ou “Oxalá” , como nós o chamamos, é porque descobriu o verdadeiro sentido da vida, adquirindo uma fé indestrutível no criador, Olorum.
Essa Fé nos faz perceber a grandeza da força de Olorum, nos faz também transbordar em Amor, e quando amamos a nós mesmos como obras de Olorum, conseguimos amar e respeitar a vida de nossos semelhantes e a natureza como a nossa própria vida, percebendo assim nas coisas mais simples a essência do criador, vendo que uma simples pedra não é menos importante que uma montanha, pois tudo é obra de Deus, Olorum.
Poderíamos falar Muito mais a respeito de Olorum, mas ainda não estamos preparados para conhecermos todos os seus mistérios, por isso é que devemos buscar cada vez mais nos esclarecer e nos elevar moralmente para que no seu devido tempo, possamos ter o merecimento de obter todas as respostas a respeito de Olorum, Deus, o criador de tudo e de todos.Dele Ele gera Dele mesmo e dele gera os Orixás.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Oxumaré-O Amor Divino e A Renovação

Oxumaré é o Orixá que rege sobre a sexualidade e seu campo preferencial de atuação é o da renovação dos seres, em todo os aspectos.Oxumaré e Oxum formam a segunda linha de Umbanda, a linha do Amor e da Concepção.Oxumaré, é a renovação contínua, mas em todos os aspectos e em todos os sentidos da vida de um ser.





Oxumaré irradia as sete cores, que caracterizam as sete irradiações divinas que dão origem às Sete Linhas de Umbanda. E atua nas sete irradiações como elemento renovador.

   Oxumaré está na linha da Fé como elemento renovador da religiosidade dos seres. Oxumaré está na linha da Concepção como renovador do amor na vida dos seres, na do conhecimento como renovador dos conceitos, teorias e fundamentos, na linha da justiça como renovador dos juízos, na Lei como renovador das ordenações que acontecem de tempos em tempos, na linha da Evolução como a renovação das doutrinas religiosas, que aperfeiçoam o saber e aceleram a evolução dos seres e na linha da geração como renovação, ou o próprio reencarne.

   Um dos campos preferenciais de Oxumaré é o religioso, pois se alguém não está evoluindo em uma religião ou doutrina, ele, que é o pólo negativo da linha do Amor e da Concepção que tem em seu polo positivo a orixá Oxum, começa a atuar de forma intensa e emocional sobre a vida do ser, anulando em seu íntimo toda a atração que ele sentia pela sua religião e induzindo-o a procurar outra doutrina, que o recolocará no caminho reto da evolução e da religiosidade.
                           
. A Orixá Oxum é amor em todos os sentidos. Oxumaré é a renovação do amor na vida dos seres. E onde o amor cedeu lugar a paixão, ou foi substituído pelo ciúme, então cessa a irradiação de Oxum e inicia-se a dele, que é diluidora tanto da paixão como do ciúme. Ele dilui a religiosidade já estabelecida na mente de um ser e o conduz, emocionalmente, a outra religião, cuja doutrina auxiliará o ser a evoluir no caminho reto.

  Renovação, eis a palavra chave que bem define o divino Oxumaré, que em seu aspecto negativo, tem um mistério chamado por nós de “Sete Cobras” ou “Sete Caminhos Tortuosos”, que é por onde transitam todos os seres que saíram do caminho reto e entraram nos desvios da vida, que sempre conduzem aos caminhos da morte.

  O mistério “Sete Cobras” é um dos aspectos negativos do divino Oxumaré, que é em si mesmo o arco-íris ou as sete irradiações divinas.A conotação “serpente” ou “cobra” não são conotações referente a réptil, mas sim simbolizada as qualidades afins com os campos vibratórios dos orixás.
                                              
  No aspecto positivo assumem cores irradiantes, no aspecto negativo assumem cores absorventes, todas afins com as faixas onde são retidos os seres que emocionaram suas vidas até um grau afim com o polo negativo dos orixás cósmicos.

. No ritual de Umbanda Sagrada o divino Oxumaré rege o mistério “Arco-íris” e tem todas uma hierarquia positiva de caboclos (as) Arco-íris; tem uma hierarquia mista, que em seu aspecto negativo forma a linha de exus Sete Cobras e em seu aspecto positivo forma a linha de caboclos Sete Cobras.

  Quando um ser une-se a alguém que não lhe é afim e não consegue sutilizar suas energias para que elas fluam naturalmente para seu mental, então Oxumaré entra em sua vida como elemento cósmico que começará por diluir a união desequilibrada, direcionando-o para uma das faixas vibratórias sob sua regência na linha de forças da Concepção (de energias), e ali o reterá até que, naturalmente ele descarregue-se do acúmulo negativo de energias viciadas que o estão paralisando e negativando.

. É uma atuação lenta e sutil, pois é natural, e o ser tem que ser preservado, tanto mental quanto energicamente senão se fecha em si mesmo e torna-se impermeável a irradiações que lhe chega o tempo todo. Se isso acontecer, o ser se transformará numa aberração em si mesmo.Oxumaré não é seis meses homem e seis meses mulher e nem é andrógino,devido sua energia sutil.

Aspectos Particulares

Nome:Oxumaré
Polo:Oxum(positiva)
Filiação:Oxalá e Nanã
Cor:Laranja
Vela:Laranja
Habitat:Cachoeiras e Lamaçal 
Sincretização:São Bartolomeu e Santo Onofre
Ferramentas e Paramentas:Duas cobras metálicas ou de madeira
Saudação:Arroboboia!!!!!!



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Defumação na Umbanda

 Defumação é um processo religioso que existe desde tempos remotos,por exemplo no nascimento de Mestre Jesus Cristo que ganhou incenso e mirra,a defumação é um ritual religioso praticado em todas as religiões ou seitas.
 A defumação serve para purificar o ambiente e condicionar os médiuns a uma boa incorporação(desde que o médium tenha fé e foco e firmeza),para fazer um descarrego inicial nos visitantes e consulentes  afim de preparar o terreiro ou casa para mais uma gira de trabalho.
 A defumação purifica as energias negativas,para que o trabalho transcorra de maneira mais calma e natural.No caso de um obsessor ele será doutrinado,afastado e as energias se revitalizarão.
 O defumador é feito com ervas e plantas dos Orixás que têm alto teor de descarrego e quebra de energias negativas e (re)organizar o magnetismo.

  O processo da defumação faz parte da abertura dos trabalhos de Umbanda,a defumação é um processo vital e indispensável para os trabalhos na feitos no Terreiro ou Casa( assim como preferirem) embora o segmento da gira da abertura até o final seja diferente de Terreiro para Terreiro a  defumação é indispensável da gira de Umbanda.

Nove de Espadas-Os Fracassos


 O 9 de Espadas é uma carta negativa assim,como,quase todas as cartas do naipe de Espadas famosos por seus maus significados. Esta carta apresenta como significado o fracasso e a derrota.Claro que ninguém quer sofrer uma derrota na vida,fases de dificuldades e aprovações,estão aí mesmo e para nos superarmos e aumentar nossa fé.Para o Consulente o 9 de Espadas significa também desapontamentos e tristezas profundas,talvez sendo consequências desse fracasso.No plano físico significa preocupações,problemas, medos tente resolver os problemas, pensar neles, enquanto está na ativa, enquanto você pode tentar resolvê-los, ou até mesmo pedir ajuda. O 9 de Espadas diz que além de tudo temos de ter força,foco e fé para enfrentar o que há de vir.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A Papisa

 Também conhecida como a Grande Sacerdotisa,representa a divindade feminina no Tarô.Ela possuí as vestes envolvidas num manto para protege-la da curiosidade profana.Esse manto esconde parcialmente o livro que traz as mãos, simbolizando que ela traz todo conhecimento e sabedoria  e os registros do passados consistentes e inconscientes,pois a Papisa é a personificação da memória.
   No plano divino onde atua exprime a Ciência em seus três níveis passado presente e futuro.Como o mago ela sabe o que quer,mas ao contrário dele,não precisa lutar para afirmar-se.
  Para o consulente ela tem um legado de realização.Essa carta diz que o consulente tem o brilho da verdade e do mérito e que ele pode se entregar no futuro com confiança.O sucesso do consulente será pleno se ele abrir os olhos pois a carta significa sabedoria e reserva.A Papisa indica que o consulente deve melhorar sua conduta de vida,se livrar dos desejos e fraquezas e das influências negativas.A Papisa indica o certo,a sabedoria,o julgamento correto,ausência  de sentimentalismo,segurança,emoções e paixões ocultas.

Significado Adivinhatório 

Poder,Praticidade,Serenidade,Relacionamentos Platônicos,Bom senso,Segurança